sexta-feira, dezembro 25, 2009

Livros



Depois dumha longa travessia polo oceano dos ensaios, onde a leitura era para mim umha ferramenta de trabalho para aplicar a diário, a dor, a tristeza e a saudade destes últimos meses figérom que atracara nas mansas aguas dos relatos, famenta como estava de histórias cálidas, de passar de actora a espectadora da vida. E como quem busca heroína na rua devecendo por acalmar a sua ánsia, entrei numha livraria e pilhei a minha dose sem ver o momento de botar o cobertor na cama e coa luz dumha lámpada nova que merquei para completar a homenagem, lancei-me ávida sobre os livros que seriam o meu passaporte a outros mundos.

A primeira viagem fixem-na da mam de Antonio Yañez. Escolhim o livro porque o autor tem vínculos familiares comigo e a curiosidade algo morvosa de esquadrinhar por dentro a pessoas que conhecemos noutras facetas da vida, tentou-me e nom me arrepinto. Surpreendeu-me a capacidade descritiva dumhas paisagens que estám aqui, acompanhando-me na Terra de Trasancos. As palavras, muitas esquecidas ou mesmo desconhecidas, eram evocadas em mim e se me apresentavam singelas, familiares, como se pertenceram à minha infáncia, e aí estavam para acompanhar na sua "Viaxe a Libunca" ao protagonista. Tenho que dizer que aguardava com espectaçom o passo pola minha parróquia, Caranza. Fiquei algo incómoda pola brevidade do relato e as qualidades outorgadas às mulheres que encontrou ao seu passo. Lembrei quanto deixa quem escreve de autobiográfico nos seus escritos. Ainda nom tivem ocasiom de felicita-lo polo livro e comentar-lhe que o prémio era merecido.

Iniciei a minha segunda viagem da mam de Marilar Aleixandre, entre adolescentes, cumha linguagem ágil e moderna que vai desenvolvendo umha historia de instituto que pode situar-se em qualquer ponto do país. As citas utilizadas pola autora para iniciar cada capítulo podem ser lidas todas seguidas, assim, como enchente, e para contrasta-las coa actualidade do relato e sacar as nossas próprias conclusons. Alegrei-me de ter superado esta etapa da vida tam confusa como é a adolescência e nadar nas tranquilas aguas dos cinquenta. Ainda assim, matinei que, sem ser adolescente, às vezes ter "A cabeza de Medusa" pode ser a explicaçom dalgumha reacçom da gente que se cruza nas nossas vidas.

Agradeço por último que Agustín Fernández Paz, recolhesse no seu livro "O único que queda é o amor" este ácio de relatos curtos. Assim, como se umha dose de xarope se trata-se, fum noite trás noite medicando-me coas suas histórias, que ainda que muitas enleam às pessoas que as protagonizam coas trampas do amor romántico, estám tam bem contadas que o jogo de palavras vai tecendo umha ananás onde adormecer transitando por ruas de névoa, festas de cámara lenta ou livrarias tiradas do filme "Ameli".

Agora estou coa protagonista do relato de Rosa Aneiros, "Sol de Inverno". Gosto muito desta história, mas devo estar sanando da minha enfermidade que nom puxo del como nestas semanas. Porém, anda olhando-me Amalia Valcárcel, cada dia que me deito, desde o andel onde tenho pousado o seu livro " Feminismo en el mundo global", como dizendo, "venha que urge". E no móvel do banho, Pascual Serrano me aguarda para que remate o seu "Desinformación: Como los medios ocultan el mundo". Ainda assim, pensando numha recaída, ando recompilando livros de poesia para meter-me umha dose de quando em vez, como prevençom, no vaia ser que as sombras e o infortúnio queiram aninhar para sempre no meu coraçom.
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quinta-feira, dezembro 24, 2009

Bom Natal



Nestes dias é impossível resistir-se a reflexionar sobre qual é o sentido destas festas. Os porta-vozes católicos, assomam aos médios de comunicaçom directa ou indirectamente para reivindicar a propriedade intelectual destas datas, concretada em belens, panxolinhas e necessidade de fazer o bem, ainda que no fundo nom seja mais que o plano maquiavélico dum deus que fai nascer o seu filho para mata-lo, como único jeito de arrincar-lhe o perdom. Fora disso, dim que só queda consumo desenfreado e mercadotécnia.

O feito de que o discurso dominante no Natal, associasse religiom e harmonia familiar ao longo de várias geraçons, fixo que para muitas pessoas a celebraçom destas festas seja, quando nom umha tortura, um compromisso social difícil de levar.

O substrato que conforma a nossa cultura, fai que os costumes ligados à celebraçom do Yule da tradiçom atlántica e germana, ou a festa em honor ao nascimento de Saturno estendida polo império romano,entre outros, perdurem ao longo dos séculos, e os vejamos reviver com força em forma de árvores enfeitiçados e luzes, muitas luzes, que iluminam os curtos dias do começo do inverno.

Os cámbios estacionais, a relaçom destes coa estrela que nos permite a vida, afectam a pessoas de fé católica, cristiana, ateas ou agnósticas, mesmo a quem nom dedicou muitos segundos da sua vida a reflexionar sobre crenças ou cosmovisons. É o que muitas pessoas se negam a assumir em quanto aos efeitos do cámbio climático. É o que intentam negar apegando-se desesperadamente às suas riquezas e ao seu modelo de vida às pessoas mais poderosas do planeta.

Por isso, porque as noites som mais longas, o frio impom-se e o fim do calendário convida-nos a fazer bons propósitos e a agasalhar a quem mais queremos, ou a quem temos que mostrar agradecimento, as festas de Natal seguem presentes e ainda sem compreender as suas origens a celebraçom vai passando de geraçom a geraçom, com cámbios isso sim, porque ademais, abrange nom só ao mundo familiar, senom à convivência no mundo do trabalho, marca o calendário laboral, a economia...

Por se vos serve de algo, direi-vos que intento que cada ano estas festas sejam ligeiras, que nom me presionem. Que agasalhar, me faga feliz. Que me agasalhem, me adoce o dia. Que a participaçom em reunions familiares ou de trabalho sejam tranquilas. E rir-nos um pouco, ainda que muitas das pessoas que acudimos a elas, vaiamos carregando cada quem cos seus problemas, e cos nossos mortos e mortas, que nestas datas, vesti-mo-los como abrigos para acompanhar-nos ali a onde imos, como si a sua lembrança precisara também de achegar-se às luzes, muitas luzes, para fugir da escuridade destas curtas noites de solstício. Bom Natal, isso sim, menos machista, mais solidário e ecológico.

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quarta-feira, novembro 25, 2009

Avoinha, avoinha… que dentes tam longos tês!

No mitim onde se apresentou a futura Lei de Economia Sostível, Zapatero reiterava mais umha vez, que o PP “nom tem projecto para Espanha”. Quem convenceu à cúpula do PSOE de que esse lema era necessário e útil para criticar à oposiçom conservadora, equivocou-se de pleno. O PP tem um projecto perfeitamente definido, e está articulado co poder financeiro e a hierarquia católica. Na Galiza, o seu projecto é tam claro, que só o medo a tensar demasiado a corda e ter que enfrentar-se a um reagir social como o do Prestige, fai que os motores vaiam a meio gás polo de agora, mas o rumbo do barco deixe umha estela inconfundível. É por isso que todos os esforços deveriam estar orientados a desenmascar esse projecto diante da opiniom pública, e nom a negar a sua existência como um defecto ou carência. Ogalhá esta direita nom tivesse claro o que tem que fazer!

A ONU afirma que o benestar dumha sociedade mide-se polo nivel de igualdade e direitos das mulheres nela. Da mesma forma poderiamos avaliar a acçom política do Partido Popular. É em datas como a do 25 de Novembro, onde mais oportunidades hai para pôr o termómetro social e indicar como está a temperatura da sociedade galega em quanto a direitos e liberdades das mulleres. O diagnóstico é reservado. Existe ademais umha complicaçom engadida que está sendo muito difícil de atalhar. É coma no conto da Carapuchinha, o lobo que a quere comer pom-se as roupas da avoa para engana-la, é dizer, fazer umha cousa coa intençom e a resoluçom de conseguir precisamente o contrário.

Marta González, directora do SGAI desde o 2003 ao 2005, coa Conselheira de Familia, Muller e Xuventude, Manuela López Besteiro, e actual Secretaria Xeral de Igualdade co governo de Feijoo, anunciava diante dos medios de comunicaçom, que a prioridade para rematar coa violência contra as mulheres estava na educaçom, e de feito, sobre este ponto gira a campanha institucional deste ano. Avoinha, avoinha… que olhos tam grandes tês! Som para ver-te melhor minha filha. A loucura privatizadora, o recorte do professorado, o apoio e defensa dos centros que segregam por sexos ao alumnado, as críticas à asignatura de educaçom para a cidadania, a ausência da educaçom afectivo sexual… som as realidades que vam socavando a escola como um serviço público e o rol que deveria jogar na eliminaçom da violência de género.

Na declaraçom institucional deste ano, a Xunta de Galicia incide que neste 25 de Novembro deve-se reflexionar sobre as medidas a tomar para “garantir a atención inmediata e especializada ás vítimas”. Avoinha, avoinha… que nariz tam longo tês! É para cheirar-te melhor minha filha.

O abandono do desenvolvemento da Lei galega contra a violência machista, o futuro incerto dos Centros de Recuperación Integral, o despido das 61 pessoas e feche das oficinas, a maioria no rural, de I+B (Igualdade e Benestar),… convertem a declaraçom institucional em papel molhado pola baba do lobo relambendo-se ante a Carapuchinha.

Avoinha, avoinha… que dentes tam grandes tês! O final deste conto está por escrever.

Poderá Carapuchinha enfrentar o desmantelamento dos serviços públicos que garantem o exerciço de muitos dos seus direitos? Será quem Carapuchinha de conseguir os recursos necessários para deconstruir os mitos e crenças que alimentam a violência machista? Poderá Carapuchinha evitar que muitos desses recursos sejam absorvidos umha e outra vez pola actividade financieira regida pola especulaçom e o enriquecemento sem límites?

Nas últimas oposiçons organizadas polo SERGAS em Silheda, ao redor de 15.000 pessoas deambulavam entre as naves agardando o começo das provas. Um grupo importante de pessoas, na súa maioria gente nova, adicava-se a recolher sinaturas para pedir cadea perpetua para os condenados por assassinatos machistas. Hai pouco apresentava-se umha iniciativa legislativa popular avalada com 30.000 sinaturas para que o governo galego ponha os medios para que as mulheres, nomeadamente as adolescentes, acavem aceptando levar a termo o seu embaraço. Nas misas reparte-se propaganda e desde os medios de comunicaçom ameaça-se coa condenaçom eterna. O activismo de direitas toma as ruas e inxecta ideologia, apresentando ante a sociedade as soluçons mais populistas e feroces, aos problemas sociais. O activismo de esquerdas vai ter que atopar o atalho no bosque para buscar esse final feliz no que nos vai a vida e a esperança.

Mércores 25 de Novembro, 2009
Lupe Ces

Publicado em Tempos Dixital
Revista de Informaçom, opiniom e debate na rede.

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sábado, outubro 24, 2009

Anita



Apartando a intensa dor que me impede quase respirar, achego-me a este teclado. Tento pensar que nom é a mim a quem corresponde paralisar-me e deixar-me afogar no poço da sem-razom que é a sua morte. Enquanto esse tornado de dor e desesperaçom estará engolindo agora a todos o seus seres queridos, sinto que eu tenho que transmitir ao mundo quem era Anita, para que vos compadeçais de nós por tê-la perdido, e para que saibais o que perdechedes, as pessoas que nom a puidechedes conhecer.

Anita era umha sustentadora do mundo. Assim aparece nesta foto que se veio asinha à cabeça em quanto soubem da sua trágica morte. Assim, sustendo a Colcha da Solidariedade que muitas mulheres do mundo tecerom no ano 2005, com o anaco aportado por nós em Vigo, e que tam bem simbolizava a solidariedade.

Sustentadora do mundo, porque por onde quer que passava, ainda que o tempo a alonjara dum contacto diário, a sua pegada quedava indelével. Por isso, no dia de hoje, onde um maldito segundo roubouno-la para sempre, soa um eco por toda a comarca Ártabra "que imos fazer sem ela?"

Trabalhei com Anita muitos anos na MMM. Nada seria igual sem ela, sem a sua habilidade construtora de optimismo e esperança. Sei que foi o mesmo na sua actividade de mais nova no colectivo juvenil "Ar Ceibe". A Secretaria da Mulher da CIG, teve também o privilégio da sua participaçom, assim como outros colectivos políticos e sociais.

Mais queria sublinhar o seu bom fazer profissional. Como educadora social puidem ver os seus logros no curto espaço que o Concelho de Valdovinho a tivo contratada. O trabalho e a coordenaçom com o meu centro, o CPI de Atios, dérom tantos benefícios para o estudantado com problemas, que desde o Conselho Escolar tentamos sem sucesso, umha e outra vez, que voltara a ser contratada. Assim passou também na sua curta estáncia nos serviços sociais do concelho de Ferrol, onde levou adiante muitas iniciativas, todas elas sanadoras e criadoras de vida.

Porque Anita era umha sanadora. Chamavas para consultar-lhe um problema porque sabias que ela abria as maos e ali te oferecia um recurso, umha ideia. Sempre lembrarei especialmente o que me ajudou nos últimos anos da vida de meu pai. Foi ela a que abriu a mau para que aparecesse Ana, que o acompanhou a el, e sobretudo à minha mai, nos últimos meses.

Agora tinha um cargo muito importante no CAMF de Ferrol, como se correspondia à sua professionalidade. Imagino a todas e a todos unindo-se ao nosso eco "que imos fazer sem ela?"

Nunca, nunca , nunca pensei que teria que escrever isto, tam injusta é a tua morte para ti e para os teus. Por isso só posso dizer-te entre lágrimas, que viverás nos nossos pensamentos enquanto dure o nosso tempo, e que tentaremos ser cada dia um pouco coma ti. Anita, Anita...
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sexta-feira, setembro 18, 2009

Propriedade e empréstimo som questom de valores



Nom som partidária dos livros de texto. As editoriais nom deveriam marcar nem as programaçons, nem o dia-a-dia das aulas. Mas, mentres o sistema escolar nom se libera de velhas ataduras e nom rompe esquemas que o mantenhem case na sua totalidade, em quanto à metodologia, imutável desde mediados do século XX, temos que aceptar que a utilizaçom do livro de texto, como eixo vertebrador dos processos de aprendizagem, é hoje o enfoque metodológico mais extendido nas aulas. Polo tanto, todo o que gira ao redor do livro de texto, desde os contidos até o jeito de adquiri-los e utiliza-los, influe enormemente no sistema educativo, polo que o debate actual sobre a gratuidade ou nom dos livros, nom pode limitar-se, sendo importante, só a um problema de dinheiro.

O sistema de empréstimos que se véu desenvolvendo tardiamente na Galiza co governo bipartito, fomentava umha série de valores que cumpre publicitar. Porque ali onde podamos, as pessoas que acreditamos na urgência dumha sociedade mais justa, temos que contrarrestar a agitaçom social promovida desde a Consellería de Educación, baseada em sentimentos de inveja e ressentimento, fronte à solidariedade pretendida. Assim, temos às famílias do alumnado mais pendentes de quem recebe a ajuda e quem nom, de ver se "lhe pagamos" ou nom os livros ao filho do vizinho, que tem salário fixo, ou um coche "que já nos gostaria na porta”, que dumha séria reflexom, junto co resto da comunidade educativa, sobre que é o que verdadeiramente perdemos ou ganhamos com este cámbio.

Nom chega com argumentar que volver ao antigo sistema de livros em propiedade é muito mais caro para os orçamentos públicos, e polo tanto muito mais caro para toda a sociedade, dado que mentres o sistema de empréstimo mantinha os mesmos livros ao longo de quatro anos, o sistema em propiedade obriga a dar ajudas continuas cada curso.

Nom chega com argumentar que vam ser moi poucas as famílias que recebam a ajuda e que essa ajuda nom vai cobrir o 100%. Hai que explicar que o sistema em propiedade gera desde o princípio de curso grandes desigualdades. Só teríamos que passear-nos polas aulas para ver quantos nenos e nenas levam desde o dia dez sem livros, porque na sua família nom cobrárom ainda o paro ou o finiquito para poder mercar-lhos e posteriormente pedir a ajuda. Co sistema de empréstimos todo o alumnado começava, quando menos nesse aspecto, em igualdade de condiçons. Agora volveremos a ver os livros todos sublinhados ou desgastados polo mal uso, aproveitados polo familiar ou vizinha menos favorecida. Sempre sairám de balde, mentres que a ajuda obriga a um desembolso total primeiro, e só a recuperar umha porcentagem, seja grande ou pequena, depois.

Nom chega com argumentar que a gestons das ajudas supom umha sobrecarga para as escolas, ou que as equipas informáticas habilitadas nos centros som insuficientes e precisam de muitos apoios porque o analfabetismo informático é moi maioritário no nosso país. Hai que explicar que é um cámbio no sentido contrário ao do aproveitamento e optimizaçom dos recursos. Ingentes cantidades de papel serám empregadas cada curso em repetir praticamente as mesmas ediçons duns livros que acabarám a sua funçom, na maioria dos casos, a finais de Junho.

Hai que exigir que fagam públicos os estudos aos que se chama a Conselharia, que demostram os melhores resultados académicos entre escolares com livros em propiedade e os que tenhem sistema de empréstimo. Que fagam saber que mostra tomarom, em que estrato social e ámbito geográfico, e como vinculam propriedade do livro e êxito escolar.

O que demostrou o sistema de empréstimo é que ao final de curso, nom saíam, como era habitual, as folhas e as capas, cada umha co seu próprio plano de vóo, polas janelas. Os livros passárom a ser espaço compartido, território em mancomum, que se respeita e se coida. Assim, a igualdade entre o alumnado conseguia-se nom polas ajudas ou subsídios, senom polo dever que tinham em coidar o que era de todos e de todas.

Perdemos em valores de igualdade e responsabilidade, perdemos em actitudes de respeito e colaboraçom, perdemos na educaçom de cidadáns e cidadás conscientes em direitos e deveres. Mais penso que todo isto já se sabia e mesmo se perseguia, polos novos dirigentes da Consellería de Educación.

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domingo, setembro 13, 2009

Radio Galega, a rádio roubada

Roubárom-nos a rádio pública galega. Asaltárom-na e ferida de morte, dérom-lhe o tiro de graça coa nova grelha. Som @s de sempre. Os mentiráns e censuradores que ao longo dos governos presididos por Fraga Iribarne, ocultárom e restringírom informaçom, escorados ao lado do poder, esquecendo a vocaçom de serviço público e objectividade e pluralidade informativa e formativa que compete a umha rádio pública. Som os mesmos nomes, encabezados polo inesquecível Xusto López Carril, condutor durante a era Fraga dos informativos da manhá; María Xosé Rodríguez, sempiterna protagonista dos magassines, ou Tino Santiago, malabarista da mentira e a subxectividade informativa ao serviço do poder. Som os mesmos nomes, as mesmas idéias, o mesmo provincianismo, a mesma radio de segunda que nom merecemos.

Nom poderiam ser outros nomes, porque as xefas volvem ser as mesmas. Rosa Vilas Nuñez, desde o ano 1989 na RTVG, já foi subdiretora de informativos cos governos do PP até o 2005, agora ascendida a diretora da TVG. E Rosa Martínez Rivada nova diretora da Radio Galega, ainda que velha servidora dos interesses do PP nos médios públicos. Leva na Radio Galega desde 1986, foi subdiretora cos anteriores governos do PP.

Como é que estas pessoas nom tenhem que responder pola censura coa que forom cúmplices durante tantos anos? Como é que estas pessoas volvem colher o espaço público como se os três anos e medio no que respiramos nas ondas um pouco de liberdade, fossem só um espelhismo, um sonho. A realidade volve a ser a sombra da caverna.

Doe como volvem a usurpar a Radio Galega, e como mendicantes buscamos aqueles dias e minutos contados onde aparece na programaçom algo que motive, solprenda, entretenha ou mova à reflexom. Sim, esses minutos existem. Ainda a nova direcçom nom se deu conta dessas bolsas de oxigeno que nos permitem respirar e seguir existindo como ouvintes da radio pública. Mas a mim pessoalmente, doe-me que eliminaram da parrilha o programa Extrarrádio, conduzido por Belén Regueira. Os sábados e domingos pola manhá, na casa ou viajando, escoitavamos a Belén e a sua equipa e sentiamo-nos a gosto. Nom porque as idéias, os comentários, a informaçom ou os temas tratados fossem os que eligiríamos no caso de poder participar na elaboraçom do guiom, incluídas, numha mostra de pluralidade inexistente até o 2006, muitíssimas entrevistas a dirigentes do PP. Mesmo levamos umha decepçom quando se eliminou a secçom dos comentários de Carlos Taibo. Senom porque era um espaço de respecto, posta em valor dos sinais de identidade galegos, um abraço entre as distintas realidades de Galiza, onde confluía o rural e o urbano, o moderno e o antigo, o tradicional co inovador. Todo isto desde umha rádio de calidade, onde a formaçom das profissionais que o conduzíam, marcava a diferença. Divertia, ensinava, movia à reflexom. Em fim, o que tem que ser a rádio. Agora lembro com morrinha o espaço dedicado ao concelho de A Veiga no último programa, foi excepcional.

Caiu-nos a condena dumha longa singladura polo deserto. Quando ganhou as eleiçons o PP, Belén Regueira dizia num artigo n'A Nosa Terra que nom havia que cair no vitimismo, que o que havia que fazer era viver. Quitam-nos o ar para respirar, a terra debaixo dos pés e ademais de todo isto, andamos encerelhando entre nós botando-nos areia aos olhos, penso que só podemos centrar todos os esforços em sobreviver. Eu tampouco dou para moito, só se me ocorreu enviar um correio de protesta ao programa "somosquen@crtvg.es", outro à diretora da radio "dir.rg@crtvg.es" e outro à xefa de programas "radiogalega@crtvg.es".

Como garantir a independencia d@s profissionais da RTVG? Como evitar a sua privatizaçom? Como protege-la dos cambios politicos que a apartam do serviço a sociedade galega? Como garantir esse controlo social?

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quinta-feira, setembro 10, 2009

Que che fixemos Laura?


Tenho preocupaçom pola reacçom social que envolveu o assassinato de Laura Alonso Pérez no concelho de Toén. A medida que passavam os dias depois da sua desapariçom, as vozes que pediam endurecimento das penas, cadeia perpetua ou mesmo pena de morte íam in crescendo, coa ajuda inestimável dos meios de comunicaçom que abriam foros e votaçons para a reforma do Código Penal, como si a existência ou nom da violência machista tivesse relaçom co número de anos, meses e dias das sentenças que se ditam. Só hai que mirar, como me apontava umha amiga, que muitos agressores actuam como terroristas suicidas, sem dar opçom à justiça a actuar contra eles.

Mentres a sociedade siga alimentando sentimentos de vingança e ensanhamento, e nom esté disposta a acometer os cámbios necessários para arrincar as raízes que alimentam a violência machista, seguiremos enterrando a muitas Lauras.

Já som muitos os sinais que nos indicam que a sociedade galega deu um golpe de timom no rumo que a levava cara a umha sociedade inspirada nos valores da igualdade. Coa morte de Laura, apontam as contradiçons entre o que significa chorar diante do seu cadaleito e apoiar políticas que preparem o escenário do novo crime. Sem dúvida estamos diante dumha involuçom do que pareciam ser avanços consolidados em quanto a liberdade e direitos das mulheres.

Essa reacçom visceral ante o assassinato de Laura convertida num feito mediático, espida absolutamente de análise e reflexom, indica-nos até que ponto a sociedade galega está impossibilitada para rematar coa violência machista e evitar mais assassinatos de mulheres. Nom se pode deconstruir ou desactivar o que se desconhece, e segue havendo umha grande ignoráncia social a respeito da violência machista, por quê se dá?, quais som os efeitos que produz nas vítimas?, que tipo de masculinidade a exerce?, e sobre todo... como prevé-la?.

Exercer umha responsabilidade política, aumenta em muitos graos o efeito dessa ignoráncia. É também muito perigoso, desconhecer ou minimizar o efeito que sobre o repunte ou o retrocesso da violência machista, tenhem as políticas que se aplicam desde os poderes públicos ou a influência que neste fenómeno tem, a ideologia que extendem as instituiçons mais poderosas na nossa sociedade, nomeadamente a cúpula católica.

Essa ignoráncia demostrou-na o Presidente da Xunta, Alberto Nuñez Feijóo, na declaraçom institucional realizada a raiz do assassinato de Laura Alonso, comentando que na Galiza o assassinato de mulheres era algo "excepcional". Palavras pouco adequadas para referir-se a um fenómeno social no que a morte de cinco mulheres no que vai de ano, é só a ponta dum iceberg que arrastra miles de denúncias nos julgados, e que agocham muitas mais agressons todos os anos no nosso País.

Seriam só palavras, que se poderiam desculpar, se nom agachassem umha ideologia e umhas políticas que vam na direcçom contrária dos valores da igualdade. O Partido Popular ao que pertence, deu sobradas monstras delo, opondo-se à Lei de Igualdade, á reforma da Lei do Aborto, á inclussom nas escolas da asignatura "Educación para a Cidadanía", a igualdade de direitos das pessoas homosexuais, apostando pola guerra ... e abandeirando umha política económica de privatizaçom dos serviços públicos, baixada de impostos e aforro do gasto público em serviços e prestaçons sociais, que é um ataque directo à igualdade das mulheres.

Seriam só palavras, as de Feijóo, ante a morte de Laura Alonso, que poderíamos disculpar se nom tivessem detrás umha vontade política de colocar ao frente das instituiçons galegas pessoas de conhecida ideologia integrista e misógena, que, como no caso do Conselleiro de Educación -Xesús Vázquez Abad-, aceita como bom, a segregaçom por sexos nas escolas, ameaçando o presente do sistema público de ensino, onde umha parte muito importante da comunidade escolar esforça-se, na formaçom em valores da igualdade, do ecologismo e a paz. El conhece esse passado recente e esse presente. Sabe como reaccionou o ensino público ante a catástrofe do Prestige ou ante a guerra de Irak. Sabe-o el, e o Opus Dei, a organizaçom que parece inspirá-lo. Polo que o ensino público, vai ser umha das instituiçons galegas mais atacadas nesta legislatura. Umha instituiçom chamada a ajudar a formar pessoas cumha nova masculinidade, novos roles nom esteriotipados, novas relaçons afectivo-sexuais baseadas no respecto e a igualdade.

As de Feijóo, forom só palavras, que seríam anécdota, se o governo que dirige, nom estivera abrindo umha fenda nos direitos e liberdades das mulheres. A Conselleira de Sanidade -Mª Pilar Farjas Abadía- vai à frente dessa actuaçom, nom só pola sua carreira privatizadora dum serviço público básico para as mulheres, senom que nela se arroupa o mais reseso dos integrismos que qualificam o aborto como um assassinato. Assim pretendem aplicar na Galiza o terrível modelo de apoio às mulheres com embaraços nom desejados, que já está em vigor em Valencia. O objectivo é, em primeira instáncia, convencê-las de que o melhor para elas é levar a termo o embaraço, que já haverá a quem entregar ao seu filh@ umha vez parid@, sem ter em conta os sentimentos ou a afectaçom que para a saúde mental das mulheres comporta esta terrível decissom. Essas mulheres vam poder ser acolhidas por outras familias, que por suposto lhes transmitiram os valores dumha maternidade adnegada na que a sua vontade e desejo conta bem pouco. Um modelo que ignora a responsabilidade masculina, e que vai dirigido fundamentalmente às mulheres mais vulnerábeis (adolescentes ou mulheres pobres), nom para empodera-las e dar-lhes a suficiente autonomia para que tomem com liberdade às suas própias decissons, senom para encorsetá-las num modelo feminino herdado dos manuais da "Sección Feminina" e das ordes religiosas, tradicionalmente dedicadas a redimir "vidas descarriadas". É que a Conselheira di que o aborto é a monstra palpável do fracasso da educaçom sexual. Teria-nos que explicar de que educaçom sexual fala Pilar Farjas e onde se imparte.

O alcalde de Toén, aparecia nos meios de comunicaçom primeiro abatido, logo, ante a detençom do agressor, com cuja família mantinha umha forte vinculaçom política e de amizade, o abatimento convertiu-se em desorientaçom. A vítima e o verdugo dentro do seu círculo de confiança. O discurso oficial de condea nom servia. Era como se se dera conta por um momento que algo tinham feito mal em Toén. Como se puido chegar até aí? Como é que nom pararom a tempo as cousas quando havia que para-las? Por que um rapaz de boa família chega a fazer o que fixo? Por que a umha rapaça como Laura, as idas e voltas dumha relaçom lhe custam a vida? Nom lhes virom nunca nada na escola? Que lhes diziam na misa? E no centro de saúde, nunca lhe notarom nada? E na casa, que lhes diziam na casa? Que se fai nestes casos? Que haveria que fazer antes?... Mas entóm, Alberto Nuñez Feijóo, o seu presidente, o seu máximo dirigente, chegou a Toén para reprogramar umha única resposta correcta a todas estas perguntas. Umha resposta que ademais apresentou, como umha reivindicaçom das organizaçons de mulheres: hai que aumentar as penas para os maltratadores. Assim, o que era algo "excepcional", converte-se em razom para cambiar o Código Penal. Todo para seguir dando às costas ao problema da violência contra as mulheres. Todo para que siga intacto o sacrosanto sistema patriarcal que contamina todas as expressons sociais. Todo para que os titulares da prensa recolham a pergunta Que che fixérom pequecha? no canto de: Que che fixemos Laura?

06-09-2009
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quarta-feira, agosto 12, 2009

Prezado Roque, meu netinho

Passam os dias e nom chegas. Primeiro pensei que quererias coincidir co aniversário do teu avô Andrés. Logo que chegarias quando a marcha contra o golpe de estado em Honduras pisara as ruas de Tegucigalpa. Hoje até pensei que agardavas a que se reconhecesse a figura de Moncho Reboiras como vítima da ditadura franquista. Em fim, que aproveitarias neste mês de Agosto qualquer boa nova que nos curasse um pouco as feridas abertas pola ofensiva conservadora que padecemos desde hai cinco meses. Assim, asseguravas-te de encontrar-nos alegres e sobre todo com esperança.

Mas tês que saber que o teu nascimento vai ser umha grande alegria para nós, para toda a gente que te queremos e te imos querer. Por isso quero escrever esta carta para ti, para que te decidas a começar essa longa marcha que vai ser a tua vida. Só a tua nai e mais ti podeis fazê-lo possível. Esse primeiro caminho ides recorrê-lo ti e mais ela sós, ainda que o teu pai estará também ali acompanhando o momento no que abras os olhos, por ver se che rouba a primeira olhada. Eu confio em que o fareis bem, porque sabes?, a túa, é umha vida desejada. Terás tempo logo de saber que entre outras muitas penalidades neste mundo, hai gente com poder que fai que cheguem a este castigado planeta, vidas nom desejadas. Ti pola contra vês ligeiro de cargas, ainda que em quanto nasças, sem saber onde as traias agachadas, vás começar a dar ao teu redor alegria, tenrura, esperança, força... Ti, tam pequeninho e tam generoso.

À vida nom lhe tenhas medo. Tem sempre presente que é algo que tem principio e final, e terá momentos maravilhosos para ti. Aprenderás a querer à Humanidade nos seus muitos acertos e a corresponsabilizar-te dos seus terríveis erros. Assim, começarás também a viver para ajudar a que nom se repitam.

Pido-che que te decidas a abraçar a vida. Tês umha nai e um pai que devecem por dar-te alouminhos, cuidar de ti e volver a surpreender-se nos teus olhos coas cousas que vaias descobrindo. Vem quanto antes, agardamos-te.

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quarta-feira, julho 29, 2009

Dentro do tanque


Aquela mulher nova, ainda enroibava explicando aquela história no asteleiro. Nom por vergonha, senom pola raiba que ainda estava empousada nela desde aquela.

"Fixerom-me baixar dentro do tanque do barco eu sóa, tinha que o limpar e pintar". Para explicar o perímetro do furado de entrada, unia as maos fazendo umha brazada, que componhia um pequeno círculo, do tamanho por onde ela tivera o acesso ao interior. Com certo alívio, sinalava que se tratava dum tanque que contivera água, e que tinha o autocolante de segurança no exterior conforme tinha passadas as leituras de gases.

"Eu sabia que era ilegal, que nom pode baixar umha pessoa sóa. A de segurança nom dixo nada, o de Navantia, que agora estam mirando o que fazemos nas auxiliares, também nom dixo nada, e baixei".

A mulher ia descrevendo o interior do tanque cheio de ferros, e cada um dos perigos que lhe forom passando pola cabeça aquela comprida jornada de trabalho. "Chorei, chorei muito dentro do tanque, porque sábia que se me passava algo, nom haveria ninguém para ajudar-me. Pensava no meu filho. Hai mala gente, porque nom é normal que os companheiros nom digam nada. Logo para rematar de pintar a escada ao tempo que saía do tanque, nom sábia como fazê-lo, colguei-me cabeça abaixo e fixem como puidem. Nom fum perguntar porque se vem que nom me atrevo a baixar ou que nom sei fazer algo me botam".

Describia, como se dum livro de Carlos Robira se trata-se, todas as estratégias que utilizou para carregar a sua mente de pensamentos positivos, que lhe ajudarom a superar aqueles dois primeiros meses de trabalho, que contados assim, coa intensidade e afectaçom com que o fazia, nom dava lugar a pensar que o tempo separava já com dous anos, os feitos da narraçom.

Sentados cos seus elegantes trajes aparecerom entom no Telexornal, os representantes da CEOE para explicar que siguem interessados no diálogo social, sem concretizar o que pidem. Umha tímida ráfaga do ministro de trabalho que vem dizer que a vida segue ainda que nom haja acordos, e umha implacável Maria Dolores de Cospedal, junto a umhas ameazantes siglas do PP, acusando a Zapatero de autoritarismo. Eis toda a explicaçom da televisom pública de Galiza. As cámaras nom entram polo diámetro do tanque. Só podem filmar ao metal polas ruas de Vigo, disque paralisando a vida cidadá. Sei que ali, em Vigo, nom hai mala gente. Nom miram cada quem para o seu. Assim era também nos asteleiros desta ria até que alguém os enfeitiçou.

In memorian
  • Ana Belén Paz Vilariño
  • Eduardo González Val
  • Juan Carlos del Real Gamundi
  • José Luis Veiga Infante
Navantia: 11 de Maio de 2005 - Para non esquecer

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domingo, julho 26, 2009

Morte em Toledo


Ainda cansa dum 25 de Julho que me deixou a cabeça cheia de informaçom e imagens sem processar, a Rádio Galega oferece a sua habitual ráfaga informativa horária, a morte dumha mulher em Toledo, a maos do homem que tinha dela umha ordem de alonjamento, abre os cinco minutos de informaçom.

Ao apertom de vísceras que me acompanha neste tipo de novas, une-se umha irradiante ira que tento acalmar aporreando este teclado. A Rádio Galega, a rádio pública de Galiza, prefere, nos segundos que pode adicar a esta morte, informar-nos da nacionalidade do agressor, português, e de que a vítima tinha duas crianças dumha relaçom anterior, desperdiciando esses maravilhosos segundos dumha audiência de miles de pessoas, para incluir detalhes da vida pessoal da vítima que difuminam a nova principal, desenhando um modelo de mulher vítima, no quanto de contextualizar o novo assassinato, como um novo ataque machista à liberdade e à vida das mulheres.

Nos meus ouvidos nom soarom, mais sim polo meu pensamento, passavam as linhas que ficarom fora do papel da redacçom da notícia.

"Segundo a organizaçom Red de Mujeres Contra la Violência Machista, com este novo caso som já 43 mulheres as que perderom a vida no que vai de ano, a maus dos seus agressores. Na Galiza som três, a última vítima, Maria Luz Tapia, morria assassinada na Corunha a passada semana. A violência machista, cobra assim umha nova vida sem que as medidas legislativas e judiciais que se aplicam nestes casos, parezam ser capazes de paralisar esta sangria constante de vidas truncadas de mulheres que nesta ocassom, ademais, deixam menores marcados para sempre pola tragedia".

Tudo isto é o que cumpria escuitar hoje, mais na rádio nom sou.

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terça-feira, julho 14, 2009

Para Manola com gratitude


Foi agora, quando lim o jornal, que me enterei da morte de Manola, Manuela Pérez Sequeiros, concelheira em Narom. A súa morte foi inesperada, accidental. Eu queria dar-lhe um espaço neste dia ventoso e gris de verám, aqui, no meu blog e no meu coraçom. Lembro todo o que ela desde o seu posto de concelheira, favoreceu a labor da Marcha Mundial das Mulheres. A mobilizaçom euroipeia do 2004 e a sua incidencia na comarca, nom teriam sido igual sem o seu compromiso.
Agora que nos jornais aparecem loubanzas do seu trabalho municipal, eu quero lembra-la como feminista. Quando nos entrevistavamos com ela sempre parecia converter-se na nossa mensageira, umha mais de nós para conseguir um obxectivo colectivo. Muitos beijos Manola, e graças por todo.

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domingo, julho 12, 2009

Os Comedores de Macdonals

Visitam o paseio frente a minha casa, mais estam em todas partes, som os comedores de Macdonals.

Sementam por onde passam pequenos pacotinhos de onde sacarom o tomate ou a maionesa, e grandes sacos de papel com restos de gorduras e às vezes também de pequenos anacos sem consumir. Os comedores de Macdonals chegam com os seus carros, algúns de músicas altisoantes, e começam a sementar desde as janelas, primeiro cada saquinho, logo os vasos, as bolsas grandes e as latas do omnipresente refresco de cola.

Tento compreende-los e justifica-los, de seguro podo encontrar algúmha razom para o que fam. De seguro nom sabem nada sobre a devastaçom da Amazonia. Desconhezem, de seguro, as consequencias dos agrotóxicos e os monocultivos de agricultura intensiva. Nom teram informaçom, sobre as consequencias na agricultura local ou mesmo na actividade dos pequenos establecimentos de restauraçom da zona, dumha multinacional de comida rápida, que importa absolutamente todos os alimentos que pom à venda. Nom sabem, nom tenhem informaçom ou a que lhes chega nom a entendem... Também imagino , num exercicio de enfermiza empatia, que quando estiverom na escola, os comedores de Macdonals nom tiverom a ninguém que lhes explicara a necessidade de cuidar o médio ambiente e portanto a urgência dumha boa gestom do lixo. Ou simplesmente o seu pai ou a sua nai nunca lhes berrarom "Nom tires o lixo ao cham porco!!! Por isso, com paciência, recolho sempre que podo, os restos espalhados frente à minha casa, para manter o meu espaço mais próximo, limpo do seu logo coorporativo e portanto do seu domínio.

O que me abate é ver à gente de esquerdas acudir a esses estabelecimentos.

Hai pais e nais, que ainda sendo críticos com Macdonals e conhecendo o comprido historial da multinacional e o seu simbolismo, acudem ali com as suas crianças, quando lho pidem, ou quando as convidam à celebraçom do aniversário de outras crianças. Baixo a ameaça de converter à sua filha ou ao seu filho num bichinho raro ou excluido das celebraçons sociais, entram no mundo Macdonals enchendo as compridas listas de consumi cúmplice, entre outras coisas, com a devastaçom da Amazonía. Mais tudo é por umha boa causa. Sería moi triste romper essa image feliz dumha infância reunida por volta dumha tarta, ainda que esta seja de productos trangénicos cultivados em terras expropiadas a povos indigenas.

Deixamos assim, que as nossas crianças, as crianças da esquerda, sejam educadas polo palhasso de Macdonals ou os valores de Disney Channel, do mesmo jeito que nom lhes dizemos nada quando dum jeito natural falam-nos em castelám, porque a nossa consciência nom soportaria impor-lhes nada mais que os horários escolares ou a tomada de medicamentos. Polo demáis, deixamos que vaiam medrando em liberdade, a liberdade de consumir em Macdonals e converter-se, se assim o decidem, nos futuros comedores de Macdonals, sem que nos poidam deitar à cara que lhes impujemos as nossas ideias, os nosso valores.

Os valores que tenhem os comedores de Macdonals, nom som impostos, venhem voando polo ar, formam parte da paisagem.

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segunda-feira, junho 01, 2009

Doutor George Tiller, in memorian



Na Praça da Quintana um arrebato de sino recibia às feministas que nos concentravamos hoje ali para reivindicar o direito ao aborto. Convocadas pola Marcha Mundial das Mulheres, confeccionamos umha tapete floral e um maio, para somar-nos à celebraçom da primavera, e portanto à celebraçom da fecundidade, justo para dizer que essa fecundidade tinha que ser vivida em liberdade. Com o lema "eu decido", reivindicamos o direito ao aborto livre e gratuito na sanidade pública.

Foi na Praça da Quintana, nom, como me sugeria um jornalista, como resposta à campanha antiaborto da Conferência Episcopal, senom porque a Quintana é umha praça que pertence à cidadania, e como tal foi testemunha histórica de reivindicaçons de direitos cívicos, e nós, as mulheres convocadas ali pola Marcha Mundial, queremos que o aborto seja um direito reconhecido pola cidadania e garantido polas instituiçons que a representam.

O dia nom rematou como começou. No canal de Euronews sentenciavam cum tremendo titular a um médico de Wichita -Kansas- "Este homem nom voltará fazer abortos". Trata-se dum médico estadounidense que acava de ser assassinado quando acudia a um oficio religioso numha igreja luterana. O seu delito, praticar abortos depois da semana 21. A sua clínica fora atacada em várias ocassons com anterioridade. El mesmo recebera anteriormente disparos. Assim deste jeito quitarom-lhe a vida os integristas machistas.

Quero escrever e pronunciar o seu nome, doutor George Tiller, doutor George Tiller... Na rede podemos encontrar algumha das suas declaraçons, "o aborto é um tema tam controversial como a escravatura, ou a época da proibiçom do consumo de alcool em Estados Unidos", "tráta-se de dar opçons a umha mulher quando se lidia com tecnologia que pode diagnosticar anormalidades num feto","as provas prenatais sem opçons prenatais som um fraude médico".

Estou convencida que esta orda antiabortista som como o nazismo. Vam filtrando pouco a pouco o seu ódio às mulheres que nom se somentem à sua moral e aos homens que as apoiam. O mesmo que os nazistas culpavam de assassinatos atrozes e de todos os males a judeus, ciganos, homossexuais, militantes de esquerda, ... para converter-se no grande monstruo que acavou com a vida de mais de 40 milhons de pessoas em Europa.

A dor polo assassinato do doutor George Tiller, vem somar-se agora à dor pola morte de milheiros de mulheres no planeta por aborto praticado em condiçons de risco.

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sexta-feira, maio 22, 2009

Falta dinheiro no meu sindicato



Hoje os meios de comunicaçom informarám à opinom pública de que faltam muitos miles de euros das contas da CIG em Ferrol. Muitas pessoas conheciamos esta situaçom desde hai uns meses, causada por umha ludopatia do responsável de finanças.

Em todas as organizaçons polas que passei ou nas que participo na actualidade, as finanças som o morto co que ninguém quer carregar. Um trabalho ingrato que precisa de muita dedicaçom e constáncia.

Entre companheiras e companheiros a confiança é fundamental, mas esta nom é a primeira experiência deste tipo. Por isso o controlo democrático das finanças fai-se fundamental nas organizaçons sociais, e a ninguém lhe deve sentar mal que assim se lhe controle. E por suposto, esse momento em todas as reunions onde se passa a informaçom sobre o estado das contas da organizaçom, deve ocupar o lugar que lhe corresponde, fazendo um esforço, de transparência e responsabilidade. É o mesmo que o dinheiro público. Som cartos das organizaçons, som cartos do povo organizado. No caso do meu sindicato, som cartos da classe obreira organizada. Som intocáveis!

Haverá que mudar muitas coisas, pedir responsabilidades e mudar jeitos de trabalho ou modelos organizativos, mas o que me inquieta do que vai ocorrer quando a notícia saia na imprensa, é desconhezer o interesse que persegue esse grupo de pessoas com bastante representatividade na CIG, que brinda às empresas mediáticas, informaçom fazilmente manipulável, dumha situaçom interna que só compete à CIG e à justiça.Porque os congresos se ganham nas asembleias e na acçom sindical, nom coa tinta envelenada dalgúns jornais.

E que tudo isto suceda justo no momento no que os companheiros e companheiras do metal em Vigo, estám recebendo, também por parte dessas empresas mediáticas, um dos mais virulentos ataques contra o sindicalismo, e em concreto contra da CIG, dos últimos tempos. Estám botando mais lenha ao lume. Para que arda quem?

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segunda-feira, maio 18, 2009

Como no Prestige



Foi como umha grande maré de chapapote batendo contra as costas. Foi outra vez ver a vida ameaçada pola dominaçom, a incompetência e o ódio. Coma no Prestige.

Sabiam as gentes que querem arredar a nossa Língua de nós, que como dizia Ramón Piñeiro, a Língua é a alma dum povo?

Sabiam estas gentes quando começaram umha nova cruzada contra o galego, que a nossa poeta nacional ensinou-nos a reagir "qual loba doente e ferida"?

Sabiam estes infelizes que Celso Emilio ensinou-nos que a nossa Língua nom "pode apartar-se de todos os que sofrem neste mundo"?

Por isso as mentiras, as aldrages, as ameaças, as reservas onde nos querem meter, forom como as marés do Prestige, petarom na alma do nosso povo e botou-se à rua. Como no Prestige, baixo a chuvia, baixo umha imensa maré de guarda-chuvas.

Alí estavamos, tam diferentes, tam cada quem da sua casa, mas co mesmo pulso, co mesmo alento para sentirmo-nos dum povo, o nosso, que hoje saiu a defender-se.

E eu estivem alí, e fum umha das privilegiadas que escoitou o alalá de Mercedes Peón, saindo atávico, para petar-nos na alma e na consciência e viver uns dos momentos mais emotivos da jornada. Sempre em Galiza, sempre em galego.

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sexta-feira, abril 10, 2009

A minha neta di “to”

Às vezes a realidade explica-se muito melhor coas anedotas. Entendemo-la com pequenos exemplos, que nos chegam mais, que as profundas análises e os sesudos estudos e investigaçons, que sendo totalmente imprescindíveis, em ocasons tornam-se inúteis para entender e transmitir as sensaçons e sentimentos que emanam dessa mesma realidade. Como explicar senom a profunda soidade, a exclusom, a sensaçom de desterro, que as pessoas galego falantes sentimos na nossa cidade? Pois, velai vai um chisco desta magoante realidade.

Hai uns dias um dos meus filhos baixou a um dos parques do bairro coa minha neta de dous anos. Tem-lhe que ajudar a subir aos jogos que para ela, som gigantes a conquistar com muito esforço. Outro neno tinha também dificuldade e o meu filho ofereceu-lhe ajuda. Ao pouco o neno correu junto à sua nai para contar-lhe a sua grande descoberta “mamá , mamá, um señor galego!”.

Ao dia seguinte, a minha neta acompanhada polo seu avó, jogava num parque do centro da cidade. Ocorreu do mesmo jeito, mas, podede-lo crer porque sucedeu de certo, nesta ocassom, este outro neno dixo “ mamá, mamá, un señor rural!”.

É por isso que som como a vida as palavras “cham”, “lume”, “cam”.. que a minha neta, no seu ensaio continuo coa fala, vai pronunciando nesse maravilhoso jeito de abrir-se ao mundo. Vai botando-as ao ar, como frágiles bolhas de sabom. Essas palavras vam molhando esta terra malferida da nossa identidade, e som vida, e som alento, e nos reconhecemos nelas.

Nom, nom remata aqui o conto. Porque também sentimos laiar a ferida aberta, cada vez que ela di “to”. “Como dis?” “ Eu”. “Moi bem!” E haverá quem pense que é imposiçom.

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quarta-feira, março 18, 2009

Umha campanha na rede com olhada violeta para os linces e os bebes

Muitas vezes um pequeno cámbio na linguagem provoca um enfoque diferente ou radicalmente oposto. Isso é o que sucede ao feminizar os linces da Conferencia Episcopal ou quando cambiamos a palavra sacerdote por sacerdotisa.

As linces responden aos bispos

SUMATE À CAMPANHA E ENGADE O LOGO D'AS LINCES AO TEU BLOG, A TUA WEB, AO TEU PERFIL NA REDE SOCIAL, ...

Esta é umha convocatória para que hoje Quarta-Feira [Mércores] 18 DE MARÇO, nos nossos blogs, perfís de facebook, twitter, ... sumemo-nos e de-mos umha resposta contundente aos bispos.

Se tés um blogue ou umha web coloca o logo, escreve umha nota de resposta à campanha da igrexa junto ao logo dos Linces que hai junto a este texto ... se tés algúm perfil dalgumha rede social, substitúe a tua foto manhá quarta-feira co logo d'As Linces.

Eles podem pagar valos publicitarios, pero nós temos a rede.

Se te sumas à campanha, envia umha mensagem coa direcçom da tua blogue, ou da tua web a laslinces@gmail.com

Temos moito que dizer, na defensa dos direitos de cidadania, e faremo-nos escoitar. ;-)

Quen som "As Linces"?

As Linces somos Todas e Todos !!

Deixa um comentário com ligaçom à tua nota en blog, o teu perfil de twitter, o teu perfil de facebook ...

Podes somar-te à Causa aberta en Facebook

Enlace co Blogue d'As Linces

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Aborto, questom de igualdade

Hai quem nos quere fazer retroceder ao pior do século XIX. Hai poucos meses luitando contra a Lei de Igualdade, ou contra umha asignatura que intenta explicar direitos fundamentais e funcionamento social; hai poucos anos luitando contra o direito ao divórcio, séculos luitando contra os direitos das pessoas homossexuais, e desde a origem dos tempos luitando contra os direitos das mulheres. Agora volvem mostrar toda a sua força para paralisar umha lei que só pretende sacar o direito ao aborto do código penal. Fam-no agora, aproveitando que muita gente esqueceu que hai pouco mais dum ano havia mulheres que tinham que comparecer diante dum julgado por ter abortado (Março 2008). Fam-no, porque aproveitam que muita gente nom é capaz de ver a contradiçom que supom que nom permitas que umha moça de 16 anos decida se quere ser nai ou nom, sem que a sua família decida por ela, à vez que aplaudes que nenas de 10, 11, 12, 13, 14 ou 15 anos param.

No fundo é todo umha questom de igualdade. Aí, começando polo Papa, os arcebispos, bispos e umha imensa quantidade de clérigos, tenhem um suspenso secular. Suspenso em Igualdade e Democracia. Todos eles pensam e aceptam que as mulheres nom somos iguais aos homens, pensam que gais e lesbianas nom som iguais a heterosexuais ... que tem que existir por força a desigualdade. Confundem o diferente co desigual, e assim seguem mantendo a sua estrutura religiosa passe o que passe, sofra quem sofra, e se fai falha, morra quem morra, a lume ou a golpe de VIH.

A verdade é que entendo que tenham que reagir com força... Cada dia hai mais gente que nom lhes reconhece autoridade política, cada dia hai mais gente que questiona a sua autoridade moral e mesmo, cada dia hai mais gente que vive a sua espiritualidade longe das suas imposiçons. Sabem que um passo atrás nom tem caminho de volta, e eles necessitam seguir explicando nas escolas que umha nena de 12 anos aceptou a vontade dum ser superior para que parira ao seu filho, sem ter conhecido varom, assim o dim as sagradas escrituras.

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segunda-feira, março 02, 2009

Arroutada conservadorista

Podo escrever os versos mais tristes esta noite... Volvem as malas pessoas ao governo da Xunta. Volvem os de sempre. Os que sempre estiverom e nom nos deixam nem um respiro. Cruzei muitas mensagens sms esta noite, para compartilhar as lágrimas que nom deixavam de brotar. Volviam as mensagens de volta trazendo mais lágrimas. As da nai preocupada pola bolsa de estudos da sua filha. A da moça lesbiana que nom só chorava, senom que tremava polo tsunami que votou contra os seu direitos fundamentais. O das nais com filhos adoptados, preocupadas por umha sociedade racista... e eu pensando nas mulheres ciganas que nos acompanhárom no Foro Social Galego. Pensando em como nos vai governar esse partido marcado pola ética do enriquecemento e polo ódio à igualdade. Por isso nom os felicito. Por isso nom compartilho a idéia de que umhas vezes se ganha e outras se perde. Porque mentres uns o fam como se nom passa-se nada, ou como que o único que passa-se é que perderam eles a nível pessoal, outras e outros choramos as conseqüencias desta arroutada conservadorista da sociedade galega. Umhas conseqüencias que vam fazer mais complicada a nossa vida, que marcam um escuro futuro. Um futuro que vai quadrar coa imagem que tínhamos do passado recente, o da guerra, o da censura, o da corrupçom, o do caciquismo e a ignorância. Forom três anos, com muitos erros e muitas frustraçons, mas eles levam toda a vida! Som os vencedores da guerra, os que viverom felizes o franquismo e os que agora enchem a boca coa palavra democracia e Galiza, para vomitar as suas políticas de destruçom e marginaçom de quem nom som como eles. Por isso, digo-lhe à metade do povo galego que graças por nada, ou mais bem fixechede-la boa!

Quero dizer-lhes a todas as mulheres que apóiam ao PP, que a sua vissom do mundo alimenta a violência machista. Quero dizer-lhes que as vejo cúmplices do maltrato e dos assassinatos de mulheres. Que o seu apoio aos modelos tradicionais da família, ao modelo afectivo-sexual do Vaticano é o culpável de muito sofrimento. Quero dizer-lhes que o que estam fazendo nom vai libralas a elas, nem às suas irmans, nem às suas filhas da gadoupa do machismo. Quero dizer-lhes que som malas pessoas. E como dizia um admirado diretor dos museus científicos de A Corunha, “ no mundo só vencem as forças do mal quando as boas pessoas deixam de fazer algo”. Recolhamos os anacos de todas e todos nós e vejamos de fazer algo melhor, para seguir caminhando ainda que nos doa.

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domingo, março 01, 2009

Hoje vou votar polo BNG

É dia de eleiçons. Miles de pessoas do nosso país acudiram a votar. Outras miles nom o faram. Levo muitos dias pensando que fazer porque tenho muitas contradiçons que resolver, muitas frustaçons que digerir, mas nom quero que sejam esses sentimentos os que dirijam a minha eleiçom este dia. Sempre prefiro guiar-me pola pergunta, e que podo fazer eu?. Penso que o meu voto, e o de muitas pessoas coma mim, de nom emitir-se, pode significar o regresso do Partido Popular ao governo da Xunta, e a pergunta é singela, de verdade é o mesmo?, nom houvo nengumha diferencia entre a realidade que vivemos co PP, a direita governando desde sempre, e estes quatro anos?. Que vai passar se o PP volve à Xunta?. Que repercussom tem isto na atual conjuntura de crise?.

Puxem numha lista as cousas que me parecerom bem feitas polo governo bipartito, ainda que sempre melhoráveis, e noutra o que julguei mal feito ou que se deixou de fazer e eu cria importante.Melhorou-se e muito, o ensino público e a sanidade, freando em muitos aspectos a sua privatizaçom e recorte de serviços como comedores escolares e condiçons de transporte.Representou para mim um avanço importantíssimo a criaçom das Galescolas, e a do organismo público Consorcio de Servicios Sociais e de Igualdade.A promulgaçom da Lei galega contra a violência machista, e a posta em marcha dum programa, ainda nom rematado, de transformaçom dos serviços de atençom e informaçom às vítimas, assim como em geral as políticas de Igualdade aplicadas. A "Lei de Prevención de Incendios Forestais". O Banco de Terras e a revalorizaçom dos valores do rural. A criaçom das UXFOR. A defensa desde as instituiçons do direito ao aborto. Vimos avances na liberdade de expressom e na presença da nossa cultura na TVG e sobre todo na Radio Galega. A Lei de Costas, que paralisou moitas urbanizaçons planificadas a pé de praia. Medidas de apoio ao aluguer de vivendas. O Plano de construçom de vivendas sociais. O enfrontamento coa multinacional PESCANOVA. O discurso em geral da Conselharia de Vivenda que meteu ar fresco contra os valores neoliberais e o jeito de atuar de especuladores e corruptos. O posicionamento da Conselharia de Ensino contra a subvençom a centros concertados que segregam por sexo, umha pequena medida que criou um intenso debate social.

Mas fronte a isso existiu também a claudicaçom ante a corrupçom e sem razom que significa REGANOSA. Continuou-se co projecto da Cidade da Cultura. Apoiou-se a criaçom de piscifactorias, nom só pola sua ubicaçom senom polo que representam de modelo alimentário. Nom se intentou a insubmissom ante as leis que proíbem marcar um prezo mínimo para o leite. Nom se intentou a insubmissom ante as leis que proíbem que ASTANO recupere a produçom. Participou-se na oferenda ao apostolo pedindo-lhe que remate coa violência machista. Nom se intentou a insubmissom ante as leis que proíbem a criaçom dum grupo energético público e outro de telecomunicaçons. Promocionou-se e favoreceu-se a implantaçom no nosso país de fábricas de agrocombustíveis. Nom se enfrentou o cultivo e consumo de trangénicos, quedando-se só numha declaraçom do parlamento. Nom se intentou a insubmissom ante as leis que proíbem aplicar medidas protecionistas para os alimentos produzidos aqui. Nom se intentou a intervençom das caixas de aforro, para iniciar a sua transformaçom num banco público galego. Nom se desmantelou ENCE e se apoiou soterradamente a proposta do seu traslado às Pontes, onde se chegou, no seu tempo, a promover umha manifestaçom pedindo mais quota de CO2, o mesmo se fixo co maldito AVE. Nom se puxo freio às grandes empresas abusadoras do nosso entorno e parasitas da nossa economia como ENDESA, FENOSA, MEGASA, INDITEX, e o bezerro de ouro CITROËN, que representa um modelo de transporte nocivo e obsoleto.Nom se estivo à altura das circunstancias no último temporal de Janeiro, aproveitando para meter nos tribunais a FENOSA. Mantivo-se um discurso baseado na economia produtiva e o desenvolvimento, na vez da economia necessária ou social e o decrecemento.

Som sobre todo medidas de caractere estrutural, medidas que vam orientadas à deconstruçom do sistema econômico atual para abrir passo a outro modelo. Hai que somar a isto um escasso diálogo e apoio nos movimentos sociais, salvando algumhas excepçons, à hora de elaborar e aplicar as políticas. É paradógica esta situaçom sabendo que som sobre todo militantes do BNG e do PSOE quem conforma em boa parte o activismo social, sobre todo no movimento feminista, no ecologista, no vizinhal e sindical.

Mas a realidade di-nos, que a sociedade galega segue a ser umha sociedade dividida, onde som moi numerosas as pessoas que apóiam o projecto da direita, unida e moi activa, representada, principalmente, polas siglas do PP, e apoiada desde os espaços e instituiçons do integrismo católico no nosso país. Um sector da nossa sociedade que fai umha forte oposiçom ás poucas medidas de esquerdas que se estám aplicar. Ponhamos por exemplo a resistência a talar muitos dos eucaliptos que incumprem a lei de prevençom de incêndios e que tantos destragos causárom nestes últimos temporais. Ponhamos por exemplo a decissom do jurado popular de absolver a quem assassinou a dous moços em Vigo, numha das maiores mostras de homofobia ocorridas no nosso país nos últimos tempos. Ponhamos por exemplo a folga convocada polos médicos que querem cobrar a exclusividade na pública quando se adicam, e muitas vezes com maior devoçom à prática privada. Seria um longo relatório de exemplos de valores, actitudes e crenças que sustentam umha parte ainda moi maioritária da sociedade galega que nom quere cámbios, que nom quere igualdade, que nom quere que se respeite o médio ambiente e nom lhe importa tampouco muito os métodos que se utilizem para conseguir isto. A guerra de Iraque, o Prestige, os escándalos de corrupçom ou mesmo o anacronismo na organizaçom da hierarquia católica e os valores afectivo-sexuais e modelo familiar, nom parecem ter feito melha neste sector povoacional que se mantem mais ou menos inmóvil nos seus posicionamentos.

Hoje, tenhem posta a esperança de volver recuperar esse espaço de poder que nom controlam os seus, porque sim o fam em muitos concelhos, sim o fam em duas deputaçons e sim o fam no poder econômico. Eu vou ponher o meu voto na furna pensando nisso. Em que nom quero que volvam e em que os movimentos sociais, nestes próximos quatro anos, vam ser capazes de acumular mais força e mais organizaçom, para poder conseguir cambiar as políticas e sobre todo porque todas, absolutamente todas as pessoas que queremos umha sociedade mais justa e em igualdade, temos a responsabilidade de conseguir que esta situaçom de crise mundial nom se converta num avanço dos valores racistas, xenófobos, homofóbicos e machistas, que embruteçam a nossa sociedade mediante propostas de cadeia perpetua ou pena de morte, soluçons militaristas e repressom policial. E penso que esse objectivo vai ser muito mais difícil de conseguir cum governo de direitas.

Por quê vou votar o BNG e nom outra força política? Porque miro o mundo cos olhos de galega, e porque é a força com possibilidades que tem mais capital político e humano. Pode ser mirado como excesso de pragmatismo, mas nom penso que o sofrimento que acarrearia umha volta do PP, mereça ser o pago por um voto de castigo ou um voto de aleizoamento.

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sábado, janeiro 17, 2009

Palestina no cotidiano


Estes dias, a enfermidade visitou a minha casa e a muitas pessoas queridas. Som dias onde a companhia, as chamadas de alento e os cuidados som como o ar que respiramos. A cinco minutos da casa todo um sistema de saúde pública funcionando para nós, sem perguntar quanto dinheiro temos no banco, sem presentar nomina nem póliza de companhia aseguradora. Só hai que preocupar-se de escuitar a respiraçom da pessoa enferma, saber ler nos seus olhos se hai melhoria e alegrar-se quando assim é. Na cozinha nos esmeramos por preparar alimentos com mais cuidado, que sentem bem, que transmitam a necessidade que temos de que permaneçam na vida com nós o maior tempo possível e compartilhar muitos momentos felizes.

Mas a enfermidade nom véu soa, junto a ela entrou na minha casa todo o horror que se ia acumulando em Gaza. Intentar sentir por um momento toda a dor reflectida nesses olhos fazia-se insuportável, e as palavras agarravam-se no peito negando-se a subir até a boca, ao saber-se impotentes para explicar tanta desgraza. Cada objecto nas mans convertia-se num milagre, um analgésico, umha toalha limpa, um cueiro, um café quente...Cada parte da casa mostrava-se como refugio e como ameaça, um sofá onde sentar-se, as bilhas coa auga quente, a cama recém mudada...

E para curar a nossa impotência começamos a sair à rua, a encender velas, a cantar consignas, a escrever Palestina, a escuitar na rádio, na TV e ler nos jornais as vozes amigas, que conseguiam sacar do peito as palavras que nós nom arrancávamos, e leva-las à boca, à tinta das imprensas, às ondas. E amanhá domingo 18 de Janeiro, iremos à velha cidade de Compostela para seguir curando a nossa impotência e purgar a nossa culpa, por ter umha casa em pé, pola auga quente, pola luz que fai mais curtas estas noites de inverno debaixo de lenços limpos. E na manifestaçom berraremos contra o estado de Israel..., mas todo o ódio acumulado detrás da ferida sangrante, do corpo sem vida, da cama murchada entre os cascalhos, das mesas baleiras... vai seguir sinalando com dedo acusador a nossa cumplicidade, as nossas prioridades e o nosso jeito de ver o mundo.
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