domingo, setembro 26, 2010

O direito à folga nom existe

De manhá, de tarde ou de noite, nas ruas e nas casas, nos postos de trabalho... todo o mundo participamos ou escoitamos estes días conversaçons sobre a folga que está convocada para o próximo 29 de Setembro. Nom estou a falar das horas e horas de campanha antisindical e antifolga, desenvolvidas polos medios de comunicaçom, preocupados por umha suposta violaçom do direito a ir a trabalhar, direito que se lhe nega em todo caso a mais de 220.000 na Galiza e catro milhons e médio de pessoas todos os días no estado espanhol, e por uns serviços mínimos, que ocupam o lugar que deveriam protagonizar os agentes convocantes da folga e o debate sobre a reforma laboral e das pensons, que tanto vai marcar as nossas vidas e o nosso futuro. Tampouco me estou a referir a esses tertulianos regurgitadores, na súa maioria, do prefabricado pensamento único, senom às conversas onde se discute se se vai a apoiar à folga, como se vai a organizar o día, que se opina dos sindicatos, e que esperança hai de cambiar as cousas ... porque isso sim, todo o mundo coincidimos de que a cousa pinta mal.

Se bem é certo que o meu pulsómetro de opiniom é bem reduzido, e que só se vê ampliado polas experiencias e comentários sobre outras conversaçons escoitadas pola gente que à sua vez fala comigo, vou dar o meu testemunho sobre o que levo vivido estes dias e que se condensa numha soa frase “O DEREITO À FOLGA NOM EXISTE NA MAIORÍA DOS POSTOS DE TRABALHO”, e só, a valentia e convicçom de muitos trabalhadores e trabalhadoras vai fazer possível que o 29S podam cumprir-se minimamente os objetivos de mobilizaçom.

Os tertulianos e algumhas tertulianas, todos estes días vozeavam que se os sindicatos conseguiam parar o transporte público, a folga estaria ganhada, dando a entender que era doado acadar o seu objetivo, como dicindo “assim qualquera fai umha folga geral” , quando em realidade, o destacável é que só no sector público e tamém, ainda que em menor medida, na grande empresa que concentra um número significativo de empregados e empregadas num só centro de trabalho, com comités de empresa fortes, com anos de experiencia organizativa, os trabalhadores e trabalhadoras podem ir à folga com um mínimo de garantías. No resto de empresas, quitando honrosas excepçons, a chantagem, a coacçom, o medo ao despido e às represálias, estám instaurados no dia a dia da vida dos trabalhadores e trabalhadoras.

Este é o verdadeiro termómetro democrático da sociedade que temos neste momento. A reforma laboral, a reforma das pensons, as medidas económicas... nada disto estava nos programas eleitorais dos partidos, e menos do partido que exerce no governo espanhol. Todas estas medidas forom inspiradas e exigidas por organismos internacionais (FMI, BM, Comissom Europeia...) que nunca fôrom elegidos democraticamente e nunca pugérom baixo a soberania popular a aprovaçom das suas políticas de “reajuste estrutural”.

Se preguntamos à maioria das pessoas em idade de trabalhar se quere que se aumente a idade de jubilaçom, a resposta seria maioritariamente negativa. O mesmo sucederia se se pergunta polo modelo de despedimento, polo tipo de contrato, polo salario mínimo, pola quantia das pensons, …

Outra pergunta que aclararia muito a situaçom seria a consulta sobre a banca pública, ou em que medida tenhem que aportar ao benestar social as grandes fortunas. E como essa, outras muitas que realmente fixeram aumentar a participaçom cidadá na aprovaçom de políticas públicas que tanto influem na vida e saúde das pessoas. Porque estamos falando da diferença entre viver umha vida laboral tranquila, enfrontando só os problemas que vam xurdindo dia a dia, que nom som poucos, derivados da própria atividade laboral, e o viver como se vive agora, por umha importantíssima porcentagem da classe trabalhadora, co medo ao despido, sem esperança pola escassez de emprego e aturando humilhaçons e chantagem, unido a prolongadíssimas jornadas laborais que já está tendo um efeito devastador nesta geraçom em quanto a enfermidades, acidentes e esperança de vida ...

Todo isto se desprende das conversas destes dias “se vou à folga, o xoves me chamam à oficina e dam-me o finiquito”; “agardaremos aos piquetes, fechamos e logo volvemos a abrir, isso é o que nos mandam”; “se perdo o posto de trabalho a onde vou?”; “como aqui tenhem moi difícil que poidamos vir trabalhar, obrigarom-nos moi amavelmente a colher vacacións”... Isso é o que hai, e me ratifico NOM EXISTE O DIREITO À FOLGA.

Dos sindidatos, das suas políticas, do que temos que cambiar em todos eles, nos nossos e nos que nos som alheos... hai que falar depois do 29S, agora unidade, unidade, unidade sindical fronte ao Capital.

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sábado, setembro 25, 2010

Cigana


Saudei a umha família cigana que aguardava, caída a noite, em urgências, no ambulatório de Ferrol. Chamárom à cigana máis velha, da minha idade, e mentres aguardávamos intercambiamos informaçom familiar para pôr-nos ao dia pois havia tempo que nom conversávamos. Apareceu a mulher, vestida completamente de negro, dizendo que era verdade o que ela suspeitava, tinha a tensom polas nubes. Colocárom-lhe duas pílulas debaixo da língua e mandárom-lhe aguardar. Sabiam-lhe mal, e como puído, convenceu à filha para que leva-se à mais pequena a casa. A nena tinha sono e havia que ir à escola ao día seguinte. Deu, no seu característico castelám dialectal, as indicaçons precisas. Que nom se pelee co irmao, saca-lhe ti a roupa para deitá-la, que nom a molestem ... Logo ficou soa, ao meu lado, totalmente em silenço com os seus pensamentos, apertando a boca com um pano. Pouco a pouco aquele corpo tenso começou a relaxar-se... Estás melhor? Dixem engadindo o seu nome. Ela afirmou, e começou lentamente a relatar o porque estava ali. “Já mo dixo a doutora, que che passou para vir asi? Som as preocupacións polos filhos... Desde os oito anos trabalhando... lavando a roupa que nos metíamos na auga até aqui (sinalando o vam)...logo loitando co home, fiquei viúva aos vintedous... saquei os filhos adiante...e agora querem boa ducha, boa limpeza na casa, comida... e só tenho umha paga de trescentos euros, e o meu filho, ti o conheces, como está com essa merda pom-se moi agressivo e molesta à gente ... e eu me ponho moi mal com todo isso... que já lhes digo que vaiam à marea, porque eu iria, co meu caldeirinho, mas nom podo, tenho vertigos e artrite... e é que o corpo nom aguanta mais...”

Dixérom o meu nome. Quando saim da consulta chegavam de novo a filha e a nora para recolhe-la. Saudei desexando melhoría, mas eu sabía que efectivamente aquel corpo estava rendindo-se, e ademais outra merda muito máis perigosa vai achegando-se pouco a pouco, e acavará enfermando ainda mais à sua família. Viaja desde o leste, e como umha nova peste vai avançando por Europa, mostrou já o seu rostro máis amargo em Alemanha e em Itália, agora está moi perto, na Franza de Sarkozy ... e onte, Antena 3, infectava co vírus maligno do racismo, unha sociedade que, igual que os montes que temos cheios de maleza, sem coidar, com um pequeno lume, arderá violentamente e sem remédio. E nom ponhem médios, nem orçamento, nem políticas que nos livrem del. Só para afrontá-lo, contamos co pouco de consciência, compromiso e valores de esquerda que poidam quedar em nós.

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