terça-feira, dezembro 13, 2011

Palavras para Matilde



Que nom hai palavras para ti, di o Presidente do teu país, Nuñez Feijoo. Só lamentar o feito, di desde Madrid. Como se esta manhá fosses pola rua e umha árvore atravessara o teu último dia, como se na cama dum hospital o teu último alento jovem fosse o feche dumha longa enfermidade. Umha mulher nova, 38 anos... e nom tem palavras, só o lamento.

Mas ti mereces palavras, palavras fortes, vivas ante a tua morte. Palavras como Igualdade,como Justiça, como Liberdade, como Respecto, como Seguridade, como Tranquilidade... E mereces palavras de raiba e de impotência como Basta!, Abonda!, Nem Umha Mais!, Malditos Machistas. E o teu Presidente nom as atopa. Nom atopa a racionalidade do teu assassinato. Nom vê mais aló que um triste e inevitável sucesso.

Matilde, o teu, é um assassinato político. O teu nome vai no ronsel de muitos nomes mais. Nomes enfiados numha espiral violenta, froito dumha guerra que nom tem grandes trincheiras nem cámaras enviadas a um campo de batalha ou a umha cidade sitiada. A guerra do machismo contra os direitos das mulheres. Umha guerra de séculos, em tempos justificada por leis naturais, divinas ou humanas. Umha guerra que ante a insurreiçom das escravas, mostrasse virulenta nestes tempos. Umha guerra que, ainda que esteja oculta muitas vezes entre muros, nos patios, nas mesas ou entre cobertores, tem estrategas e cúmplices em governos, púlpitos, parlamentos, julgados, conselhos de redaçons, clubes de elites, cuarteis gerais, e, como nom! conselhos de administraçom.

Eres a última morte, mas nom a última das vitimas. Sintimo-las caminhar, respirar, falar... e também discutir, pensar, ocultar, chorar, dissimular, fingir, tremar,... Porque a guerra é triste, dura, destrutiva, abominável. Mas quero agora Matilde, dizer o teu nome enteiro, e o digo mil vezes. Matilde Vázquez Ramallal, Matilde Vázquez Ramallal... Por todas as noites que te setiches livre. Por todas as noites que caminaches tranquila. Por todos os menceres onde sonhaches e sorriches. Só podemos, ao pé do teu corpo frio, continuar caminho, nom já por ti, se nom por todas nós, por todas as que estam por vir.

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sábado, dezembro 10, 2011

Da Assembleia Nacional do BNG

Nom se me poderá dizer, com este artigo de opiniom, que me estou metendo em casa alhea, ou em assuntos que nom som da minha incumbência. A Assembleia Nacional do BNG, prevista para Janeiro, implica-nos a todas as pessoas que nos sentimos nacionalistas. Nom porque o nacionalismo seja igual ao BNG, nem tampouco polo contrário. O nacionalismo como expressom  social, cultural e também política, tem muitas variantes e variáveis, mas é esta assembleia de Janeiro onde se vai concentrar a maior força de decisom nacionalista organizada, que vai ter umha clara influencia ou efeito dominó, em todas as outras expressons do nacionalismo, incluído o independentismo.

Nom estou certa do resultado desta assembleia, só estou certa de que o que transcende publicamente, nos meios de comunicaçom, nas redes sociais, nalgumhas reunions, ou nas conversas privadas... é que o debate gira ao redor da questom organizativa. Isto, sendo importante, nom é, baixo o meu ponto de vista, o fundamental ou o único a reformular na organizaçom de referência do nacionalismo. Hai que falar das políticas. Das que se implementarom, e das que se tenhem que defedender e implementar. E, relacionado com essas políticas, a questom da financiaçom, espelho que nos reflicte o subconsciente ativo de qualquer organizaçom.

Se o debate se resolve polarizando-se em dous blocos, o bloco UPG e o bloco anti-UPG, pouco se resolveria dos problemas que tem o nacionalismo político, para criar referencias que consigam a necessária hegemonia social. Umha hegemonia que ostenta o Partido Popular, abrigado e camuflado desde hai muitos anos coas peles de cordeiro galeguista. Tanto dentro do bloco-UPG, como dentro do bloco crítico coas práticas organizativas  deste partido dentro do BNG, existem pessoas descontentas com muitas das políticas aplicadas nas instituiçons onde se conseguiu representaçom, ou nos movimentos sociais onde atuam militantes da organizaçom. E, existem também muitas pessoas noutra posiçom, pessoas que acreditam que o BNG nom tem dado os passos necessários para se converter no PSOE galego. Pessoas que acreditam num projeto ao estilo PSC, mas nos seus melhores tempos, claro. Eis o verdadeiro debate de Janeiro, o eterno debate de se colher o caminho da esquerda ou da direita. Esse debate que tem que partir dum consenso sobre o que é hoje, às portas do 2012, o caminho da esquerda, e clarificar também, si a social democracia hoje é útil para resolver os problemas da cidadania ante um capitalismo destrutivo e insaciável. Um debate que tem que falar de obxectivos e do “como” consegui-los, com claridade, sem ambiguidades ou curtopracismos.

O affaire Reganosa, a Cidade da Cultura, a defesa do AVE, a reivindicaçom de mais cota de CO2 e a mobilizaçom a prol do carbóm importado; a defensa das planta de agrocombustíbeis, do porto deportivo de Masó, a supeditaçom ás Caixas de Aforro, a reivindicaçom na Comissom de defensa do senado dumha planta de fabricaçom de avións espias para Ourense; o mantimento das deputaçons, o ataque ao Sindicato Labrego Galego, ... som algumhas das políticas às que assistimos nos últimos anos. Agora toca decidir. Agora toca saber se hai que completar esse caminho começado, ou virar de rumo.

A situaçom econômica e social, que só está começando a despontar em Galiza, se colhemos em consideraçom as ameaças de que o PP vai cumprir ao milímetro os plans de entregar aos mercados os nossos direitos convertidos em negócio, fai que muitas das pessoas que sofrem estas políticas, que som a maioria social, queiram ver nas organizaçons, e nas instituiçons a onde vam a representa-las, as forças que os defendam dessa perda de direitos. Os últimos resultados eleitorais, podiam ter essa leitura: um aumento dos votos a EU, como organizaçom mais útil para defender-se dos poderosos e menos desafectada dum movimento social emergente, o 15-M, capaz de fazer umha crítica em profundidade, tanto à representaçom e práctica partidária como ao capitalismo, e umha nova perda do voto ao BNG como consequência do seu processo de metamorfose à socialdemocracia, caída em desgraça por obra e graça da prática do PSOE.

Som momentos de agudas contradiçons. Som momentos de novas alternativas. O poder financeiro usurpa o poder político e a soberania nacional de muitos povos na Europa. A débida econômica do BNG co novo banco nascido das práticas especulativas das antigas caixas, nom pode ser obstáculo para criar uns novos referentes políticos, que construam as alternativas necessárias para identificar claramente os caminhos elegidos. Mesmo, umha valente decisom sobre essa débida, poderia resultar clarificadora da posiçom do nacionalismo frente ao poder financeiro, e um sinceiro e claro apoio para as alternativas de economia social que existem na Galiza.

Políticas que nos defendam dos poderosos, decisons com valentia política; prática política de mobilizaçom e organizaçom de maiorias sociais, construçom e apoio de alternativas reais aos modelos económicos e energéticos... Só assim se poderá aglutinar às forças transformadoras que gravitam em distintas órbitas, ainda que afastando-se inevitavelmente de repetir rutas e experiencias políticas de elites redentoras, que ainda que recurrentes no tempo, como vivemos estes dias, devenirom fracassos na recente história do país. Abrir campos de encontro e diálogo para confluir expresións políticas e sociais que estám condeadas a entender-se, e construir essa hegemonia social que permita as grandes transformaçons no nosso país. Transformaçons cara um novo sistema econômico e social, que essa mesma hegemonia nos irá concretando na sua conformaçom.

Aguardamos muito de Janeiro.

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quarta-feira, outubro 12, 2011

A hora de Cristina


A chamada ao 112 *, nom salvou a vida de Cristina González Sacau... Pode ser que a privatizaçom e merma deste serviço, tivesse algo a ver... Mas nom é nesses minutos de urgência na única hora na que as mulheres vítimas de violência machista se jogam a vida. Os dados do infortúnio para Cristina já foram lançados antes, na sua vida e na de centos de mulheres que moi perto de nós tenhem marcada a sua hora e o seu dia, no calendário da violência machista.

A hora de Cristina estava marcada, quando os seus gritos fixerom eco no baleiro da consciência dumha vizinhança que assegura ter ouvido o que parecia umha rifa entre ela e a sua ex-parelha.

A hora de Cristina estava marcada, quando os serviços comunitários e especializados, antes já escassos, começarom a ser recortados e inabilitados para a prevençom de situaçons de risco.

A hora de Cristina estava marcada, cando a sanidade pública, que já antes carecia de recursos suficientes para formar profissionais, desenvolver protocolos ou mesmo ampliar a abordagem de áreas fundamentais como a saúde mental, começou o seu desmantelamento.

A hora de Cristina estava marcada, cando na escola dos seus filhos, ninguém capacitou ao professorado para detectar situaçons de risco em menores.

A hora de Cristina estava marcada, cando de pequena aprendeu a renunciar aos seus direitos sonhando cum amor de filme "tua para sempre".

A hora de Cristina estava marcada, cando a sua ex-parelha aprendeu a confundir desejos com direitos, e aprendeu a amar co filme "ou minha ou de ninguém".

É hora de desprogramar os relógios da violência machista. É hora de tomar definitivamente consciência dos engranaxes que fam que a maquinária sanguenta siga funcionando. É hora do compromisso coas transformaçons que necessitam as nossas sociedades para deixar de cobrar-se miles de vidas de mulheres cada ano. É hora de abandonar um modelo de vida que gira só ao redor do valor do máximo benefício e da lei do mais forte. É hora de construirmos um outro modelo social que valorize os cuidados e teça os afetos com fios de liberdade e igualdade. O 15 de outubro, em todo o planeta, mobilizaremo-nos por um cambio no modelo econômico, social e político. Metamos também nas praças de todo o mundo, este 15 de outubro, a vontade de parar este macabro relógio.

* El PaísFoto: LALO R. VILLAR | 12-10-2011 Levantamento do cadáver de Cristina González Sacau assassinada em Vigo

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sábado, setembro 24, 2011

Onte em Ferrol


Umha pequena manifestaçom, convertida num passaruas inaugurativo, recorreu onte as ruas de Ferrol. Foi o inicio do Foro Social de Ferrol Terra que vai desenvolver debates, reflexons, e horas de convívio... ao longo do sábado e o domingo. Umha pequena manifestaçom que sorprendia aos habitantes do centro da cidade com música e cunhas publicitadoras do Foro, mentres se lhes ofertava um programa de mam, que recolhia um trabalho de mais dum ano para criar esse espaço de encontro e colaboraçom. Umha pequena manifestaçom que, se bem nom foi quem de ilusionar e comprometer a movementos e colectivos mais amplos, gardou e garda no seu seio, no seu xeito de comprometer e compromisso, a ineludível rebeldia de que "um outro mundo é possível", e se nos achegamos, se nos unimos "um outro mundo é mais factível". Começa logo o Foro Social de Ferrol Terra.
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domingo, setembro 18, 2011

Para Pablo e Raquel

Chamáchedes-nos e acudimos. É a celebraçom compartida do Amor,  e vimos celebrá-lo com vós, e sentimo-nos elegidos e elegidas, porque imos assistir, a um compromisso público do coidado, do alouminho..., e também da uniom do construído e do que se vai construir. E estamos aqui com alegria, porque todos estes anos fumos vendo como o nordes juntava-se co vento saudoso e húmido dum cálido sur. E é nessas misturas onde agromam os froitos mais gorentosos. E vimos como a calma dos mares onde medrava Raquel, ia, nos seus olhos azulados, asolagando os abatidos cantis dum pequeno anaco de costa Ártabra que arribou ao mar de Vigo. E reconhecemos, que o espumoso mar onde medrava Pablo, era quem de fazer agromar nos lábios de Raquel um novo mar de sorrisos. Agora querem, que algumhas dessas palavras, que se digerom nestes anos cos seus soles e os seus frios, na intimidade que dám fogons, banho e cama compartidos, podam ser ouvidas por todos e todas nós, porque nos querem, porque vos queremos. E aqui estamos para escoita-lo e para dizervo-lo. E aqui estamos, deixando por um momento as dores e frustaçons de cada dia, para compartir este anaquinho de vida que nos agasalhades, para ouvi-lo, para fala-lo, para canta-lo, para festeja-lo. Coidade do vosso Amor, coidade de Paulinho, e coidade de nós, como vindes fazendo entre brancas e corcheas, tecendo bicos.

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quarta-feira, agosto 24, 2011

Som os sinos da Liberdade os que repicam em Líbia?


Quando nas escolas de Líbia, os nenos e nenas estudem que unhas potencias estrangeiras bombardearom durante case seis meses o seu país, causando miles de mortes, apoiando com armas e mercenários à  oposiçom para derrogar um governo; quando se explique que os recursos naturais, antes nacionalizados, fôrom desde aquela expoliados sem controlo por grupos de negócio pertencentes a interesses financeiros alheos, e quando se fale do empobrecimento da povoaçom que resultou desse roubo, depois de ser o país africano co maior índice de desenvolvimento humano, a nossa descendência, terá que esforçar-se para ser vista como parte da Humanidade, por essa longa lista de povos agredidos e saqueados, no nome da liberdade e da democracia.

Mas, nom seremos nós quem tenha que pedir perdom, mesmo o mundo poida que nom tenha um lugar para a nossa civilizaçom de Império, e sejamos tam só um objecto de estudo, como o som agora o império romano, ou o inca ou o austro-húngaro. Por isso, a historia dos vencidos e vencidas, a historia dos povos submetidos, carece sempre de momentos de reparaçom e perdom. Sempre é tarde, sempre é tarde para as vítimas. Ninguém poderá borrar o sofrimento polas mortes, as feridas, os exílios, causados por estes seis meses de bombardeios e intenso trafego de armas...

Estes seis meses centrárom as críticas num modelo político, o liderado por Gadafi, líder da revoluçom socialista que pujo fim à monarquia pró-ocidental, e pouco se sabia das ideias do Conselho Nacional de Transiçom. Quem nos posicionávamos radicalmente em contra da guerra, da intervençom da OTAN no conflito, ilegal e desproporcionada, tinhamos algo moi claro em quanto à categoria política dos grupos armados que estes dias tomavam Trípoli, umha oposiçom que nom tem reparo em chegar ao poder cum despregue militar imperial e hipotecando os recursos materiais (água, petróleo e gás) e financeiros do seu país.

Mas agora, um representante do Conselho Nacional de Transiçom, Magmu Jibril, até este mês de Março com responsabilidades de política econômica no regime de Gadafi e conhecido polas suas teses neoliberais, deu um discurso bastante esclarecedor dos objetivos que perseguiam, quando menos umha das partes em conflito, a restituçom das propriedades nacionalizadas que pertenciam a distintas famílias italianas e israelitas, vinculadas ao regime monárquico líbio que se instaurou por parte das potencias ganhadoras da Segunda Guerra Mundial.  Umha devoluçom que se fara sem lugar a dúvidas  a cámbio da liberalizaçom e privatizaçom das riquezas líbias, postas em bandeja para ser explotadas pola Uniom Europeia, USA e mesmo regímens da zona como Israel.

Eis as razons últimas da força militar imperial, autodenominada Comunidade Internacional; eis a diferencia entre o movimento opositor líbio, por muito que entre eles poida existir algum grupo pan-arabista e democrático, com críticas fundadas ao governo de Gadafi, e os movimentos populares de Egito, Argel, Tunicina ou o 15M. Em Líbia a bandeira da liberdade está movida polo vento do dinheiro; o ritmo dos cantos e das consignas está marcado polas bombas e os morteiros; as únicas assembleias som as reunions às que asistem as grandes potencias onde se vam decidindo dia trás dia, as sançons, as agresons, a destruiçom...

A operaçom militar resultou muito exitosa. Consolida-se logo como um precedente a nivel internacional. Abre-se a veda da caça de governos hostis ao Império. Umha chamada telefônica, um pequeno contrato de venda das riquezas do país, umha reuniom do Conselho de Seguridade da ONU..., e um grupo opositor pode ser posto no poder por este novo exército de liberaçom a conveniência, que é a OTAN. Quem será o seguinte? Venezuela? Bolivia? Ecuador?...

Na reportagem fotográfica feita depois da reuniom celebrada esta semana entre a ministra Carme Chacón e a ministra Trinidad Jimenez, havia moitos sorrisos. Nada adequado para avaliar umha guerra onde se está participando, matando, destruindo povoaçons e infraestruturas que nom lhes pertencem, ou é que tenhem saudade de quando Fernando O Católico conquistou Trípoli em 1510? Ou o sorriso é porque os interesses de REPSOL estám assegurados?  Seria este o poder co que sonhavam estas duas mulheres socialistas, democratas, e no seu momento pacifistas?  Que perverso processo pessoal anulou a sua consciência?

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sexta-feira, agosto 12, 2011

Quem expulsará aos mercaderes do templo?


O próximo 10 de setembro, a rede galega de crentes cristians, convidada pola Asociación Irimia, subirá ao Monte Xiabre de Vilagarcía. Será um dia de festa, reivindicaçom e oraçom. É a reuniom de moitas comunidades que umha vez ao ano, desde há já trinta e quatro, celebram umha intensa comunhom coa Natureza, e o sermos humanos, no que reconhecem o divino. Umha celebraçom onde o compartilhado, obra a milagre de converter em irmaos e irmas, a quem nom o som.

Por uns segundos, dias atrás, as televisons ofereciam umhas imagens, quando menos insólitas e inquietantes, da celebraçom dos funerais polas vítimas da massacre de Noruega. Insólitas porque nelas o oficio religioso estava protagonizado por um home e umha mulher, e na roupagem e nos acenos que realizavam nesses segundos nos que as cámaras enfocárom o altar, nom se percebia hierarquia entre oficiantes. Inquietantes, para algúns desde logo, porque nom se volvérom a emitir. Eis a Igreja de Noruega, que celebra desde 1993 matrimônios entre pessoas do mesmo sexo e tem a umha mulher bispa, como presidenta da sua Conferencia Episcopal.

Umhas semanas depois da celebraçom deste funeral, e umhas antes da Romaxe que levará ao Monte Xiabre às comunidades de base cristians galegas, estamos assistindo a umha demostraçom fastuosa e provocadora dum poder eclesial que busca perpetuar a sua dorosa doctrina e organizaçom social. Umha organizaçom baseada na desigualdade, ensalçadora e reprodutora do sofrimento humano e que desfruta de privilégios e status herdados de situaçons históricas que nada tenhem a ver coa democracia.

Contabilizei até seis canles de televisom que levam anunciando o evento. Conheço o palco coas suas extraordinárias dimensons. Conheço o desenho dos douscentos confessionários que se utilizaram na “Festa do perdom”, até o menú que Rouco Varela oferecerá como anfritiom a um seleto grupo, Papa incluído, de invitados. Com cada nova, o evento vai colhendo mais e mais personalidade megalômana. Cumpre lembrar que a megalomania é um estado psicopatológico caracterizado polos delírios de grandeza, poder, riqueza ou omnipotência. Trata-se dumha obsessom compulsiva por ter o controlo, pastores sobre as ovelhas.

Ás bases católicas praticantes se lhes comunicou que elas iam ser as financiadoras do projeto, coas aportaçons que significavam o acolhimento nas suas casas, de jovens, e nom tam jovens, participantes. As canles televisivas confessionais, desinformavam a respeito do dinheiro público doado generosamente em tempos de escassez, polos governos amigos, e polos governos temerosos do poder de Roma, para assegurar esse novo sentimento vitimista, que tanto rédito lhe trae ao integrismo entre as suas bases, “aos católicos se nos persegue neste pais”, “ninguém nos dá nada”, “em nenhum país passa o que passa aqui coa viagem do Papa”, “hai que pensar que é um chefe de estado e como tal tem que ser recebido”.

Assim, mentres os nenos e as nenas em Somália agonizam nos colos das suas nais e em Líbia os bombardeios diários pretendem convertê-la na nova Gaza... Mentres os anceios de liberdade e democracia abroiam em cada praça..., um grupo de homens negadores da democracia, da igualdade e da felicidade humana, faram ostentaçom do seu poder, e das suas boas relaçons cos poderosos, e verqueram sobre nós as suas ideias opressoras sobre a vida e a morte, sobre a sexualidade, sobre a convivência e os afetos... , e utilizaram todo o seu poder para impor essas ideias ao conjunto da sociedade mediante o apoio ao projeto político que lho vem assegurando ao longo de todos estes anos desde que rematou a ditadura. E o faram abençoando às suas empresas patrocinadoras, Banco de Santander, Caja Madrid, Endesa, Fomento de Construcciones y Contratas, Movistar... Mágoa do Cristo anticlerical e radical que expulsou aos mercaderes do templo!

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domingo, julho 03, 2011

Zapatos rotos

Nom escrevo nunca sobre o meu trabalho, é como se este jeito de espir-se em público, rompesse a intimidade necessária entre a mestra e o alunado. Se o fago agora é porque, desde os oitenta, nom volvera a ver zapatos rotos nas aulas, e sinto-me chamada a denunciá-lo, falá-lo alto para que se saiba, para que se escoite. Preciso pôr os zapatos rotos em riba de todas as mesas, de todos os despachos. Se quadrar, em riba de todas as consciências...

A escola pública, com luzes e sombras, vinha nestas últimas décadas, fazendo dalgum jeito de conversor de desigualdades. Coidava às crianças, dando-lhes de comer, guardando-as ao quente e em lugares limpos e salubres...  Achegava-os a mundos às vezes inalcançáveis, coma a música, o cinema, o teatro, a literatura de qualidade, os museus... A escola era o lugar de encontro com iguais, para quem vivia longe de outras crianças, e era o lugar para aprender valores de Cooperaçom, de Ecologismo, de Paz e ultimamente também de Igualdade. A escola transmitia os nossos sinais de identidade, fazendo em muitos casos labores de recuperaçom impagáveis, com o Antroido, o Samaim e Magostos, os Maios... e também foi motor de dignidade para a nossa Língua, e saiu na defesa do país quando o chapapote salpicou as janelas das aulas... Ademais de todo isto, a escola desenvolvia um curriculum e acatava normas e decretos, que a instruírom em singraduras cheias de tormentas e rumbos incertos, mas onde a pericia colectiva da comunidade escolar, sempre mantivo o barco a flote.

A escola ía aprendendo a acolher a cada quem como era, atendendo as suas particularidades e necessidades, buscando o seu acobilho nas melhores circunstancias. Falo em passado por precauçom, porque o presente e o futuro som de zapatos rotos. No presente a escola pública, a escola com maiúsculas, vê-se na obriga de volcar as suas energias em defender-se a si mesma, como instituiçom, como serviço público de qualidade, como casa de todos e de todas, onde ninguém pode ser rechaçado ou rechaçada, onde a ninguém se lhe pode exigir mais do que tem ou do que pode dar. Até agora, quando o trabalho, os recursos que chegavam a cada casa eram escasos, a escola, a sanidade, e os serviços sociais, estavam aí, com todas as eivas que poidamos lembrar neste momento, mais estavam, e botávamos mam delas para cambiar zapatos rotos, por seguridade, saúde, afecto e alegria.

Os depredadores estám aqui, às portas das nossas escolas. Nalgumhas, como San Xoan de Filgueira, no meu concelho, o profesorado e as famílias, precisam já de guarda-las de noite e de día, porque o zarpazo quere ser mortal. Assim, com a presencia continuada dos seus próprios corpos, numhas instalaçons que deveriam estar baleiras polo merecido descanso estival, querem simbolizar  a defensa do que é um bem comúm e um direito universal, precisamente numha escola onde os nenos e nenas conformam um abano de múltiples miradas, cores e cantos.

Com astucia, os depredadores vam marcando ailhadamente as suas vítimas. Por isso cumpre ver-nos como um todo, como sociedade, como povo atacado no mais fundamental dos seus direitos, e assim atuar, desde a unidade e a fortaleza que dá sentir que somos a maioria. Só assim poderemos manter o que temos e avançar no que é nosso, no que é de todas e de todos. Esses zapatos rotos deveriam ser nas nossas consciências, a cunha que nos permitira frear a nória privatizadora. Umha nória que vira e vira baleirando os direitos de moitas crianças, enxoitando as suas vidas e o seu futuro. Um futuro que volve um dia trás outro a cotizar na bolsa, e quanto mais gris e frio se volve, mais cotizam os seus activos, aumentando a voracidade insaciável dos depredadores de direitos.

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domingo, junho 19, 2011

Esteiro na noite

A associaçom vizinhal de Esteiro, vai-lhe dar a Jose Manuel Rey Varela, novo alcalde de Ferrol do Partido Popular, a oportunidade de prender o lume da fogueira de Sam Joam. Nesta noite do solstício, prende-se lume ao velho para purificar e fazer possível o novo. É a noite onde invocamos a proteçom desse lume para que nos aparte os perigos

“Salto-che lume de Sam Joam
para que nom me trave
nem cobra nem cam”

Som muitos os afetos e cumplicidades que me unem a vários diretivos da entidade vizinhal. É por isso que sego com preocupaçom os possíveis efeitos que para este bairro, e para o conjunto da cidadania desta cidade, poida ter este acto simbólico. Vai prender o lume do Solstício, umha mam que pertence a um corpo político-econômico, que vem prendendo lume nos nossos direitos, e nom precisamente com intençons purificadoras, nem com intençons de propiciar o nascimento de algo novo. Os ataques ao ensino e à sanidade pública, a privatizaçom de serviços sociais, o recorte em gasto público, o apoio incondicional à banca, a destruçom e contaminaçom do território... é o que em Esteiro vai iniciar o ciclo anual dumha festa que sobrevive desde a orige dos tempos, numha noite onde a terra e os astros nos chamam a sentir-nos parte do que somos, uns seres vivos mais, nesta “única nave, pequena e contaminada”, que habitamos (parafraseando a Walter Martínez).

Será que ignoro eu todas às meigas que a asociaçom vicinhal tem convocadas para essa mesma noite? Será possível que esse seja o gesto preciso para conseguires cousas como umha escola infantil pública pola que o bairro leva tempo luitando?... Estará a associaçom vizinhal convencida de que é melhor somar-se à estrategia que já abraçarom com anterioridade outros colectivos, assinando um contrato de voto ao Partido Popular, para intentar frear as agressons que intuíam por parte do “matom de patio de recreo”, que com toda seguridade vai acaparar um poder case absoluto que vai mais aló da instituiçom municipal? Colectivos estes, marginalizados da nossa cidade, ainda que nom tam minoritarios como para nom ter sido tomados em conta na caríssima estrategia eleitoral do PP.

Na outra ponta da cidade, a Asociaçom Cultural A Revolta prenderá o lume como cada ano, e nom se saberá que mam iniciará o rito purificador. Tampouco se sabe se os cartos que se vam juntar vam ser destinados à causa saharaui, à loita contra a planta de gas ou à própria asociaçom para poder manter-se nestes tempos de recortes... a asembleia decidirá nestes días. Também é certo que a Asociaçom A Revolta nom tem a responsabilidade de loitar polos interesses dum bairro populoso como o de Esteiro, nem depende dela que as crianças de 0 a 3 anos tenham umha escolarizaçom pública de calidade...Som tempos difíceis onde as tebras confundem os caminhos... Por isso, quando salte o lume na fogueira da Revolta berrarei pensando na diretiva da associaçom vizinhal de Esteiro

“Salto-che lume de Sam Joam
para que nom lhes trave
nem cobra nem cam”

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sexta-feira, maio 20, 2011

Gloria, pequena Gloria...

Um sentimento de fracasso asulaga-nos estes dias a moitas feministas. Fracassamos. Fracassamos mais umha vez porque Gloria morreu. Fracassamos porque nom pudemos apartar da sua vida o machismo assassino. Fracassamos porque nom fomos quem de dar-lhe as coordenadas certas para navegar polos mares do enamoramento, nos rumbos do amor, dos afeitos... Fracassamos, porque nom fomos quem de conseguir que a gente que a rodeava, tivesse as ferramentas necessárias para construir os diques de contençom social para que o tsunami destrutor do machismo, nom acaba-se arrasando coa sua curta vida de dezanove anos.

Fracassamos as feministas porque umha pessoa nova, um moço de 30 anos, abraçou a possessom, a manipulaçom, os ciumes, a violência extrema, fronte à igualdade e à liberdade . Fracassamos as feministas, porque esse rapaz passou mais de 27 anos da sua vida no sistema educativo, desde Educaçom Infantil até a Universidade, e nom fomos quem de que se detecta-se essa opçom, que por força tivo que ir construindo-se desde idades moi temperás. Fracassamos porque este moço, estivo controlado na sanidade pública, primeiro em Pediatria, logo na consulta de família, e só se pudo detectar algumhas infecçons, mas nom o vírus letal do machismo.

Fracassamos porque o pequeno corpo de Gloria, pesa sobre nós coma umha lousa, e nom temos como leva-la polas ruas, nos nossos hombreiros. Nom podemos leva-la ao centro da praça, à praça onde está o debate público, o debate eleitoral, ou às praças onde gente nova coma ela debate o futuro que querem. Um debate que nom se viu salpicado nem paralisado polo sangue de Gloria, nem pola tragédia em dous actos do machismo em acçom.

Fracassamos, e nom podemos escusar-nos nen agochar-nos detrás dumhas instituiçons que botam contas e recortam em políticas de igualdade. Nom podemos esconder a nossa responsabilidade detrás de sistemas públicos ou actuaçons profissionais que faltam ao seu compromisso de aplicar protocolos ou construir espaços de prevençom da violência machista. Nom podemos minimizar o nosso fracasso detrás da irresponsabilidade dos médios de comunicaçom que seguem sem aplicar um código ético que ajude a informar e formar nunha realidade social que se cobra muitas vidas e se alimenta dumha imensa lista de vítimas. Nom podemos sinalar, sem sinalar o nosso fracasso, à Hierarquia católica por manter umha moral, um discurso e umha pratica que alimenta a misoginia  , desde umha estruturas religiosas antidemocráticas onde se combate a igualdade e a liberdade. O fracasso é nosso, nom dum Partido Popular que nos leva com rumbo fixo, bem posta a mao no leme, ao maior retrocesso social das últimas décadas, remando contra a Lei de Igualdade, contra a Lei Integral contra a Violência Machista, e botando-nos as redes da Lei de Família para afogar-nos em espaços sem liberdades e direitos. É o nosso fracasso e nom podemos simplesmente olhar a umhas forças políticas de esquerda que ainda lhes custa assumir os princípios da paridade e da corresponsabilidade, e quando nom dam passos titubeantes, dam passos atrás segundo vire o vento económico-social.  

É nosso este fracasso, porque as feministas todos os dias das nossas vidas coas suas noites, pensamos, atuamos, criamos...para que isto nom suceda. Por isso, quando sucede, todas nós sentimos o fracasso. Um fracasso que nos leva a remexer no mais adentro todas as nossas ideias para perguntar-nos, que estamos fazendo mal? que mais podemos fazer? ... Porque sentimos o fracasso e a dor, mas nom nos rendemos.

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sexta-feira, abril 22, 2011

Lei de Familia, irmá menor, Constituiçom húngara irmá maior


Quem assegura que o PP nom tem proxecto, quem fala de “nom-governo”, ou “dum governo sem rumbo”, equivoca-se e pode estar enviando à cidadania umha mensagem confusa, que nom ajuda a organizar umha boa defesa num contexto moi agressivo, onde os direitos fundamentais estám postos à venda e som questionados e violados diariamente.

O anteproxecto de “Lei de Família”, elaborado pola Xunta de Galicia, que vai ser posto a aprovaçom polo Parlamento Galego, depois das eleiçons municipais, é toda umha declaraçom programática de qual é o modelo social que nos tem preparado esta nom-maioria política, que se afixo cumha raquítica maioria parlamentária, e aspira a converter-se na maioria social, tendo para elo toda a maquinaria ao seu dispor: poder econômico, hegemonia mediática, poder legislativo (tanto na cámara galega, como, se nom ponhemos remédio, nas cámaras locais), e poder religioso.

O anteproxecto de Lei de Família, é umha volta aos episódios mais grises da nossa História contemporánea. Esta Lei nega a igualdade das distintas formas de convivência, como o matrimonio homossexual, e inventa direitos inexistentes, como os direitos do feto, para roubar direitos conquistados, exercidos e reconhecidos, entre outros, o direito ao aborto. Esta Lei nom apoia à maternidade, senom que a converte numha penitencia obrigatória, um caminho de espinas a percorrer, para ao final, entregar “o fruto do nosso ventre” a instituiçons afins. Todo um perverso ideário, que entre outros, nega o direito de todos os nenos e nenas a ser desejados.

Quem tenha dúvidas de até onde nos pode levar esta Lei, que consulte o proxecto de nova constituiçom húngara, aprovado polo Parlamento. País que preside nestes momentos a Uniom Europeia e que está sendo noticia polas acçons e actitudes racistas e xenófobas, que atentam nomeadamente contra o Povo Cigano. Todo este ódio, teria que entrar em contradiçom cos valores que supostamente se auto-outorga a hierarquia católica, e que aparecem como marco inspirador da sua nova constituiçom. Valores por outra banda, que nom podem ser considerados propriedade de nengumha confessom religiosa.

Que difícil situaçom para as pessoas que honradamente seguem o legado de Cristo “amádevos os uns aos outros...”, ”é mais difícil que um rico acade o reino dos ceos...”, ou “bem aventurados os que tenhem fame e sede de justiça...”!!! Mais bem semelha que o partido que governa Hungria e que esta imponhendo o integrismo católico na sua constituiçom, está cheio de “sepulcros branqueados”.

Esta constituiçom húngara que abre brecha na Europa e onde se inspiram os sectores do PP que promovem a Lei de Família, ademais de considerar o aborto como inconstitucional, outorga ao pai de família o direito ao voto dos filhos ou filhas menores. Igual que pretende o PP imponher o direito a decidir por parte dos progenitores, se umha nena tem que ser nai ou nom. Umha vez mais, inventam-se direitos nom existentes, como o direito ao voto na minoria de idade, para roubar ou negar direitos conquistados. Outorgará o parlamento galego o direito a exercer duas vezes o voto às mulheres gestantes? Terá o pai de família direito a votar três vezes no nome da sua filha menor e do feto em gestaçom? Chegaremos a ver ao feto participando de debates públicos?

A este esperpento de sociedade nos está levando o avance do Partido Popular na Galiza e do conservadorismo em geral na Europa, num terreio aboado, temos que reconhecê-lo, por a entrega dumha parte das forças progressistas, aos ditados do poder financeiro.

A pobreza e a marginaçom emergentes polo efeito destas políticas impostas, tenhem aguardando às estruturas católicas, e também em menor medida, doutras confesións religiosas, para volver a encher os seus templos. A caridade suplindo à solidariedade e à justiça social, umha vez que os sectores públicos de assistência social sejam depauperados e privatizados. Eis o controlo social mais perverso, o exercido polo prato de comida quente.

Neste rio revolto, aparecem iniciativas de protesta e denuncia que, intentando defender posicionamentos laicos, entram num terreio que converte em vitimas aos verdugos. Os ataques às igrejas, ou a irrupçom em espaços de culto, som ataques à liberdade religiosa que é um direito humano, e como tal deve ser respeitado.

Para visualizar ou simbolizar todas estas manifestaçons e protestas, hai edifícios vinculados à hierarquia católica, departamentos nas universidades, mesmo entidades financeiras,... que nom som lugares de culto, e que sinalam a diferença entre o que é a espiritualidade e a instituiçom patriarcal e antidemocrática que pretende imponher o seu proxecto a toda a sociedade, utilizando o seu poder econômico e os seus diferentes lobbys.

Estamos às portas de fortes convulsons sociais, nom deixemos de consultar a brúxula. É preciso nom perder o rumo e que o tsunami social nom acabe movendo os muinhos da direita para volver a proxectar a nossa vida em branco e preto.

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domingo, março 27, 2011

Galiza já tem petróleo


Baixo o lema "A auga fonte de creaçom", em Dezembro de 2010, celebrou-se n'A Corunha o Fórum da Auga. Unirom-se para organizar o evento, duas fundaçons que somam um grande poder económico, político e mediático, a "Fundación Agbar" e a "Fundación Santiago Rey Fernández Latorre". A segunda vinculada ao grupo de comunicaçom ao que pertence "La Voz de Galicia"; a primeira vinculada ao Grupo Abgar propriedade num 75% de SUEZ ENVIRONNEMENT, dedicada, principalmente, ao negócio de comercializaçom, distribuiçom e tratamento da auga, da corporaçom transnacional francesa GDF-Suez.

O representante dos interesses desta coorporaçom, Angel Simón, comunicou publicamente parte do resultado dum encontro que mantivo co Presidente da Xunta de Galicia, Nuñez Feijoo, conforme a empresa Agbar ía ubicar na Galiza um dos seus centros tecnológicos onde se investiga em patentes, que aumentam o poder tecnológico desta multinacional e lhe vai permitindo afazer-se coa propriedade de cada vez mais quantidade de auga em todo o planeta. O que ninguém contou foi o que Nuñez Feijoo ofereceu a esta poderosa companhia. Será todo isto fruto doutros encontros onde se concretou em que termos se redactaria a nova Lei de Augas de Galicia?

Na actualidade, Aquagest, filial desta poderosa multinacional da auga, gestiona na Galiza o seu suministro a um milhom de galegos e galegas de 60 concellos, segundo dados da própria empresa. Polo de agora a súa gestom reduzia-se ao suministro e tratamento. Coa nova Lei de Augas, a receḿ criada empresa Augas de Galicia, erigida em "proprietária" de toda a auga do país, incluída a que chove, pode chegar a acordos, fazer concessions ou mesmo ser sujeito, ela mesma, de privatizaçom por parte do Governo da Xunta, e passar a formar parte desta poderosa corporaçom que se adica a lucrar-se co que tem que ser um bem público, social e universal, um direito e nom umha mercadoria, a auga.

Perigosamente Angel Simón  declarou que Galiza é o país da auga. Toda umha declaraçom! vindo do representante de Agbar que factura mais de 3.100 milhós de euros ao ano. Toda umha declaraçom que nos pom no ponto de mira da cobiça que move a este tipo de grupos económicos.

Hai tempo que se fala da guerra da auga ... Gérard Mestrallet, presidente e director geral de GDF-Suez, numha conferência celebrada o passado 16 de Março em Barcelona, apresentada por Angel Simón, afirmou que os movimentos políticos e sociais que se estám produzindo no Mediterráneo, podem abrir muitas posibilidades de inversom. Líbia tem petróleo, gas e auga, muitas reservas de auga fóssil, num dos aquíferos mais grandes do planeta.

Galiza é o país da auga, o que traduzido ás coordenadas político-económicas actuais, é como ter "petróleo azul". Nom deixemos que esta riqueza se converta na nossa desgraça. Deroguemos a Lei de Augas.

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sábado, março 26, 2011

Parte de guerra


A umha semana da declaraçom de guerra e entrada em acçom por parte do exército do império sobre Líbia, o parte de guerra arroja o seguinte balance:
  • Podem-se contar por milhares as baixas no bando democrático. Cada dia mais pessoas som vítimas da crença de que a força e a destruçom servem para arranjar os conflitos. Estas vitimas o som sobre todo polo efeito do gas deturpador que desde distintos frentes informativos se lançam contra umha povoaçom desprotegida ante a manipulaçom informativa.

  • Em quanto aos efetivos do bando democrático, a situaçom empeora por momentos. Umhas forças já moi debilitadas pola política de pactos e polas presions e chantagens das forças económicas imperiais, sobre todo em quanto efetivos sindicais e unidades políticas se refere, forom reduzidas ao mínimo desde os primeiros ataques. No caso do estado espanhol, a frente de defensa democrática, o parlamento, ficou só com tres efetivos em activo, pertencentes às brigadas do BNG e IU.

  • Às possibilidades de reorganizaçom das forças democráticas vam necessitar dum grande esforço. A umha clarisima desventaxa de médios, une-se as diferenças que emergem entre os distintos grupos condenados a um entendimento ou a umha vitoria sem resistência por parte das forças imperiais. Começa a ver-se ainda assim, uns primeiros movimentos de recuperaçom em espaços tradicionalmente dominados polas forças democráticas, como som as ruas dalgumhas cidades, que acolhem estes días mobilizaçons e protestas.

  • As posicións ofensivas das grandes coorporacións energéticas e da industria militar, pola sua parte, avançam sem apenas resistencia e sem que se tenha conhecemento de nengumha baixa ou danos sofridos.

Galiza 26 de Março de 2011

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sábado, março 19, 2011

Imos à guerra!


Nom sei moi bem a quem lhe sorria o representante chinês quando alçou a mam no Conselho de Seguridade da ONU. Nom estou certa se foi ao representante francês, ao ruso ou à representante de USA. O que sim acertei foi a interpretar o que aquele sorriso vinha a dizer. Era a brincadeira de quem até o último momento joga co ocultamento da sua carta numha partida de baralha, convertendo numha trivialidade o feito terrorífico da aprovaçom dumha guerra de intervençom, num país soberano, por parte dumha coalizom de potencias estrangeiras.

Para resolver um conflito o último que se deve fazer é avivá-lo, ampliá-lo ou agravá-lo. Eis o que vem de fazer o Conselho de Seguridade sem tam sequer avaliar o informe de situaçom realizado polos seus enviados especiais a Líbia.

Os submarinos atômicos, os porta-avions, os caças de combate, os avions pilotados por controle remoto... nom vam ajudar à estabilidade, nem proteger vidas humanas ou praticar solidariedade como tam hipocritamente manifestava a Ministra de Defesa, Carmo Chacón. As armas som para matar e a guerra para destruir.

O representante francês no Conselho de Seguridade dizia que nom se disponha de muito tempo, mesmo falava de horas para que a intervençom fosse possível. A diferença parecia estar em que o regime de Gadafi podia em horas, estabilizar a situaçom e sufocar o levantamento armado contra do seu governo. O objectivo da operaçom militar internacional queda assim totalmente espido. Pretende-se umha intervençom para desestabilizar o país, acavar coas instituiçons do estado libio e fazer-se cos recursos naturais  ( petróleo, gas e sobre todo auga), ademais de cumha muito cobiçada situaçom geopolítica na fronteira com muitos países de grande interesse, entre eles Egipto, Argelia e Niger.

Comecemos logo a despedir-nos do país africano coa maior esperança de vida, ou o mais alto no índice de desenvolvemento humano do continente da hambruna, a SIDA e as guerras fracticidas e os genocidios.

Um diligente Conselho de Seguridade, ante umha revolta armada, em menos de quinze dias pom a todo um povo baixo a ameaça dumha agressom armada a escala internacional. Esse mesmo conselho de Seguridade que nom é quem de fazer cumprir nem umha soa das muitas resoluçons de condena a Israel. O mesmo artrítico Conselho que se mostrou incapaz de parar o bombardeio à povoaçom de Gaza, ou tanta morte e destruçom em Iraque, Afeganistam, Congo, Somália... O mesmo Conselho que olha para outra parte quando as tropas de Arabia Saudi, estes dias, acude ao chamado da monarquia de Barein para assassinar manifestantes, desta volta desarmados.

Seica a declaraçom de guerra no estado espanhol tinha que tê-la aprovado o Parlamento. Mais aló imos à guerra! sem que se nos consulte, e sem que poidamos valorar o calado desta decissom. Como contrasta a rapidez da intervençom coa lentitude da reacçom internacional ante o desastre de Japom!. Nom teria sido melhor mobilizar todos esses recursos armamentísticos para ajudar á povoaçom japonesa e enfriar o reator que tanto ameaça a vida por aquelas latitudes, e mandar a Libia, como propunham os países do ALBA, umha delegaçom diplomática de “boa vontade” para intermediar entre as partes? Quem será essa oposiçom líbia? Que projeto político terá para Líbia? Que interesses representa que podem mercar o veto de potencias como Rusia ou China e mobilizar a flota da OTAN em quinze dias?

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quinta-feira, fevereiro 03, 2011

As razons de Cándido e Ignacio


Levo dias intentando entender as razons do pacto social assinado polos representantes de CCOO e UGT. De seguro que Cándido e Ignacio tiverom serias dúvidas, malas digestons e mesmo pesadelos que nom os deixárom dormir, ainda que fosse só um par de noites antes do 27 de Xaneiro, día no que se anunciou que havia pacto.

Eu levo dias e noites fazendo o mesmo, intentando entender o porque sucede que uns sindicatos que convocarom umha folga geral em Setembro contra a reforma laboral, que asseguravam que nom íam dar nem um passo atrás no tema das pensons... tenhem nos seus representantes umha viragem de opiniom e de acçom tam importante.

Desde logo nom me convencem as razons que dam aludindo aos benefícios do pacto, ou quando dim que poderia ser pior... a cada hora que passa convenço-me mais de que as razons na almofada, ou no banho em horas solitárias de Cándido e Ignacio forom outras.

Avaliar os resultados de nove folgas gerais em Franza e outras tantas em Grecia ajuda a afortalar sem dúbida o seu razonamento. Um razonamento que tem como esqueleto a ideia de que, vista a realidade, só se pode optar entre acomodar-se do melhor xeito possível ante os cámbios que se vam produzindo, ou começar um caminho sem volta atrás de cámbios no modelo. A desconfiança nesse caminho, e nas possíveis alianças para anda-lo lográrom o cámbio de rumbo. Um cambio de rumbo que nos sitúa mais perto do iceberg que pode acabar afundindo o Titanic social no que imos navegando por augas neo-liberais. Lembremos, que o afundimento do Titanic causou numerosas vitimas, e só se puiderom pôr a salvo quem viajava em primeira classe ou conseguiu acomodar-se dentro do reduzido número de barcos salvavidas.

Hoje, olhando a foto das suas vestiduras monocolor e a imagem de equipa triunfadora que transmitem, descobrimos que, como no filme “O show de Truman”, o que era o nosso amigo, com quem tomávamos as cervejas, forma parte do show.
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