segunda-feira, dezembro 03, 2018

Lamento por Andalucia

saem os federicos ao campo em Andalucia
nom sabem que começou a noite
e nada se sabe do dia

saem os federicos a pôr o peito e a vida
e o monstro sedento espreita
a sugar a valentia

na fragua afogam as nenas
prata e ferro, lua cheia
vam os federicos todos
aos campos da noite eterna

mas seguem os versos no ar
e no coraçom da terra
que hai que abrir as aguas
para acolher a patera

que nom que nom
que ao poeta nom se enterra
e o fantasma segue vivo
na veiga e mais na serra

canta Federico canta!
que nom afogue a tua terra
com o ódio que sembra o monstro
e que afunde as pateras

canta Federico canta!
enche-nos a alma e as veias
com poemas de carne e fel
eternos como as estrelas

que vam outros federicos
a tentar de recolhe-las
antes de que o monstro poda
matar com noite ao poeta

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sábado, março 10, 2018

Dez de Março em Ferrol


Dez de Março em Ferrol
o vento sopra do sul,
um vestido camiseiro
sapatos de veludo azul.

Baixa a persiana menina
que fique todo em silencio!
Mulheres gritam na rua
a soidade do obreiro.

Uns olhos de menina
entre as teias ao axexo
gravam nas tenras retinas
as imagens do assédio.

Baixa a persiana menina
que fique todo em silencio!

Dez de Março em Ferrol
o vento sopra do sul,
um vestido camiseiro
sapatos de veludo azul.

Ao dobrar aquela esquina
os pés descalços a alcançam
com os buzos do estaleiro
que hoje já nom trabalham.

Baixa a persiana menina
que fique todo em silencio!
As ruas som coma um rio
que enchem os heróis dum tempo.

sexta-feira, março 09, 2018

8M em Ferrol, nada volverá a ser igual.


 


As queimadas do nordés
ártabras de Prior
subindo a Monteventoso
e baixando ate Valom.

As que subiamos Chamorro
a soterrar no solpor
aqueles corpinhos mortos
depois de pari-los nós.

As que no mil catrocentos
nom saímos a fuxir
e luitamos contra a peste
sem ter a quem acudir.

As que o lume vencemos
no século dezasseis
que levou trescentas casas
que houve que erguer outra vez.

As de cesta na cabeça
para o dique,
para a lenha,
para o leite,
para a roupa,
para o peixe e o carbom.

As que abalamos as pedras
a soar coma canhons
para espantar ao inglês
polos montes de Briom.

As que limpamos o sangue
de Antonia Alarcom
e a velamos varias noites
onde a tirania a deixou.

As que inspiramos justiça
na alma de Concepçom
e demos-lhe pegada forte
para abrir as prisons.

As que choramos a Amada
bicando o seu paredom
e aninhámavos cos olhos
ao filho que nos deixou.

As da Pisbe,
a Madereira,
soa a serea em Pinhom,
as de Hispania,
as do sal,
a comida em caldereta
soa o pito da Bazán,

As que saímos com Mela
aló no setenta e dous
para romper as algemas
cos punhos coma ferróns.

As que vemos o futuro
cheio de nubarróns,
e seguimos sendo ártabras
dende o abrente ao solpor.

……..

Somos as de Trasancos,
somos as de Ferrol.


Para todas as que hoje ateigachedes de alegría e luita as ruas de Ferrol.

domingo, março 04, 2018

Quem falará de vós?

































Hoje transcurriu umha manifestaçom com miles de feministas polas rúas de Vigo. O nosso povo segue a dar monstras de estar à vangarda de cámbios socias
profundos. Nom pude assistir. Para todas vós este meu poema em reconhecemento e agradecemento.